quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

A JANELA


A JANELA
Gracinda Calado

Ainda emocionada com os festejos de Ano Novo, tento dormir, mas acordo muito cedo. Hoje é aniversário de minha filha única, primeiro rebento do meu grande amor!
Os outros dois são filhos que mais que amigos me deram seis netos.
Abro a janela de meu quarto ainda escuro, fico ali pensando em muitas coisas: momentos de felicidades quando minha família ainda tinha meu esposo que se foi pra morada eterna.
Penso em minha filha quando era pequena e passeávamos bastante, sem preocupações de agora.
Fico acordada como se sonhasse...

Através de minha janela, num apartamento no 8° andar, de um prédio, classe média alta, vejo as luzes da cidade ainda acesas, a torre da igreja iluminada era um convite à oração!
O movimento da rua ainda não começara, e os ônibus não haviam iniciado suas primeiras caminhadas pela cidade.

Muito longe ouço um galo cantar. Os pássaros já começam seus primeiros gorjeios.
Ao fundo da minha visão do lado do mar, as nuvens estão pesadas e escuras, cor de chumbo como se fossem desabar a qualquer hora uma grande chuva. Sinto um vento fresco bater suavemente meu rosto, enquanto os pensamentos me perseguem querendo voltar ao passado.
Lembrei-me de meus pais que estão há muito tempo ausentes, no céu.

Alguns pingos fortes molham minha face como lágrimas para lavar meu rosto ainda sonolento.
Ao longe avisto o padeiro que vem despertar a rua e o jornaleiro que se preocupa em não molhar os jornais envolvendo-os em plásticos. Passa em minha rua joga os jornais e vai.

O relógio da Igreja de N. Senhora de Fátima bate as horas e o carrilhão toca, “ave, ave Maria,” uma música muito conhecida pelos fiéis.
A minha janela são os meus olhos e os meus ouvidos.
Os animais da noite ( gatos ) já se recolheram.

Sinto um cheiro forte de café, apresso-me para fechar a janela e fazer minha primeira oração e a refeição matinal.
A insônia me trouxe muita alegria, o dia muita energia para começar os preparativos do aniversário de minha linda Gracimar.

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