sábado, 24 de maio de 2014

AMOR VIDA DE MINHA VIDA

Gracinda Calado
Adorei teus poemas e teus versos,
Busquei-te nas entrelinhas..
Amei teu corpo e tua alma,
Bebi o mel dos teus desejos,
Agarrei-me serena em tuas entranhas.

Caminhei serena em teu olhar.
Escrevi poemas de amor só para ti.
Em teus braços me fiz mulher...


Andei com meus próprios pés,
Quando te descobri.
Meus pés tocaram pedras e espinhos.

Fiz poesias em vão para ti,
Fiz castelos na areia.
Meus castelos se desmoronaram.

Segurei o vento para não tocar teus cabelos.
Desmoronei meus sonhos de amor.

Ah Meu amado!
Que pena que te amei um dia!

Minha vida se vai e a tua também.
Vida de minha vida, adeus!

sexta-feira, 23 de maio de 2014

LEMBRANÇAS DE MEU PAI

Gracinda Calado
A música revive em atos a tua história: Um tango de Gardel.
O vento me traz momentos de alegria em que passamos juntos no solar da velha casa da ponte.
À noite ouvindo o coaxá dos sapos no jardim, ríamos de sua música dolente sem nexo ou sem entoação.
Os grilos faziam festa nas trepadeiras amarelas e roxas, cheias de flores,
E nas roseiras pequenos besouros atrevidos se encostavam,
Atraídos pelo perfume que embriagava a todos.
Quieta em um canto eu ouvia tuas histórias e façanhas do tempo da II guerra.
O sono chegava e minha mãe levava-me pelo braço para dormir.
Recordo ainda o cheiro dos teus charutos baianos, cuja fumaça se espalhava pelo ar,
E o teu olhar quase parado no tempo recordava alguma história.
Que saudades de ti meu pai!
Dos teus cuidados, do teu sorriso, da tua voz forte e do tom enérgico quando ralhavas por algum mal feito meu.
Quando eu era pequenina e ainda aprendiz das primeiras letras, 
Levava-me para teu gabinete de trabalho e me oferecias um caderno novo, lápis e borracha. Nele eu desenhava, escrevia e brincava de professora com os meus alunos invisíveis.

A CHUVA

A CHUVA

Gracinda Calado

Chuva que cai na alma, difícil de se entender,
São teus olhos chorando,
Com vontade de me ver.

A noite vem forte calada, se instala sem permissão,
Enquanto o pranto escorre
Dentro do meu coração.

Chuva que cai no telhado, molha teu peito e o  meu,
Arrasta esperanças guardadas,
No meu coração e no teu.

Chuva que trás esperanças, de fartura e de bonança,
É como um doce alívio,
pra amenizar o meu pranto.

A CRUZ

Por ANSELMO GRUM

A cruz abre uma brecha num mundo fechado que se basta a si mesmo. A cruz lembra que, na encarnação e na morte e ressurreição de Jesus, este mundo foi aberto para Deus e que Deus toca todas as áreas deste mundo. Nesse contexto, a cruz é as duas coisas: o sinal do amor incondicional de Deus, que nos alcança em todo tempo e em todo lugar, mas também o sinal do juízo que se abaterá sobre este mundo se ele continuar a se fechar em si mesmo. Este mundo terá fim. Ele não é estabelecido para sempre, mas está nas mãos de Deus. Quando Jesus morreu na cruz rasgou a cortina do templo que nos obstruía a visão de Deus. A cruz é a imagem da certeza de que este mundo já não pode obstruir nossa visão de Deus, porque ele foi aberto e marcado pelo amor de Deus. A cruz é a marca de ferrete que Deus imprimiu neste mundo, para mostrar a todos os seres humanos que o amor de Deus vence todo o ódio, que a força de Deus é a mais forte que todo poder humano que tem constantemente a pretensão de ser a autoridade ultima.

A DANÇA DAS BORBOLETA

A DANÇA DAS BORBOLETAS
(Minhas memórias de Baturité)

Gracinda Calado

Uma borboleta chegou muito faceira, invadiu o jardim e ficou.
Dançou e rodopiou na roseira.
Chegou assim de repente, sem pedir licença a ninguém.
Fez festa nas flores, sugou o mel de todas elas e dançou.

Chegaram outras borboletas...
Na dança das borboletas eu sonhei.
Na dança das borboletas eu imaginei você sorrindo...
Na dança das borboletas o seu amor era lindo!
Lindo, colorido de mil cores sem igual.

A borboleta faceira era azul me entreguei;
A borboleta vermelha era bailarina, dancei.
As cores rosadas eram das borboletas elegantes, não competi.
A borboleta amarela era a mais singela, atrativa e sensual...
No meu sonho eu era a borboleta lilás, agressiva, poderosa sem igual.
Você fazia parte do meu sonho, das minhas cores e da minha vida.

Você era a roseira preferida de todas as borboletas do jardim!

segunda-feira, 19 de maio de 2014

LEITURA DO LIVRO DO PROFETA JEREMIAS

(1,4-5.17-19)

Nos dias de Josias rei de Judá “ foi-me dirigida a palavra do Senhor, dizendo:” Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações. Vamos levanta-te! Põe o cinto e a roupa, comunica-lhes tudo que eu te mandar dizer: não tenhas medo, senão eu te farei tremer na presença deles.

Com efeito, eu te transformarei numa cidade fortificada, numa coluna de ferro, num muro de bronze contra todo mundo, frente aos reis de Judá e seus príncipes, aos sacerdotes e ao povo da terra; eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para defender-te!, diz o Senhor!

REFLEXÃO:

Deus nos chama e nos consagra para a vivência do amor, como família que escuta e comunica a palavra da vida. A Páscoa de Jesus se realiza em todos os grupos e pessoas que assumem com fé, esperança e coragem a missão libertadora.

domingo, 18 de maio de 2014

AMANHECER

Gracinda Calado

Amanhece !
O sol derrama sobre a cidade os seus primeiros raios de luz.
Sobre os telhados uma cor laranja feito brasas, se avista ao longe, enquanto a cidade ainda dorme e aos poucos vai se espreguiçando para cumprir o ritual do dia.
O clarão da manhã rompe o mistério da noite e transforma a cidade inteira em luz.
O fantástico espetáculo da aurora vai deslizando sobre os montes, emoldurados pelas flores das serranias, em despedida da noite que passou.
Pela janela aberta docemente, vejo pessoas que passam seguindo seus destinos, passos lentos, compassados, como quem não tem pressa de viver.
Na minha rua, flores se abrem nos jardins e perfumam o ar.
Na moldura das cores, dezenas de borboletas livram-se de seus casulos e fogem fartas de desejos em busca de beijos.
O sol, astro rei, traz vida e transforma todas as criaturas.
Os pássaros cantam nos galhos das árvores anunciando a felicidade de viver em comunhão com o universo.
Olho atentamente a paisagem da rua, enquanto meu corpo preguiçosamente sente a saudade da noite que passou e prenuncio o vazio do dia que virá para mim.
As belezas desta manhã ficarão na memória e nas recordações da minha história.
As saudades do passado me acompanham, e a tua imagem me persegue ainda, mergulhada na alegria daquela manhã de verão.
Pessoas vão e veem pelas ruas da cidade, rumo ao trabalho cotidiano e em mim as saudades de um amor que se finda.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

VOU FAZER UM LEILÃO

Gracinda Calado

Quem dá mais?
Quem dá mais para um coração quase velho,
Um coração magoado, cheio de rugas esquecido.

Quem dá mais, para o meu coração?
Cansado de tanto sonhar e de tanto amar,
Só bate para chamar atenção.

Quem dá mais para este coração?
Às vezes atrevido, sofrido, angustiado,
Às vezes sofre calado sem explicação.

Quem se atreve querer este coração?
Coração de adulto que pensa como criança,
Às vezes adolescente, ainda guarda esperanças...

Quem quer este coração?
Coração valente, corajoso destemido,
Coração gigante às vezes arrependido.

Vou fazer um leilão,
Quem dá mais pro meu coração?
Aceito qualquer oferta de ocasião;

Quero vender este triste coração!