quinta-feira, 31 de julho de 2008


CORAÇÃO VALENTE
Gracinda Calado

Ó coração valente!
Coração calado apaixonado,
Sofre de amor, sofre com dor.
Coração triste persistente.

Coração partido
Sofrido, bate forte a sua dor.
Coração ferido, destemido.
Coração valente!

Seu sangue escorre, lava o peito,
Aflora a chaga sem vida;
Coração sem jeito.

Escarlate, carmim, vermelho,
Rosa encarnada, amedrontada,
É o coração de quem tanto ama.

Cruel paixão, que nem a morte vil acaba assim à toa,
Destino marcado, escrito nas estrelas em céus de muita luz.
É assim o nosso amor rumo ao caminho do vento e outros céus;
Coração valente é teu coração que nunca deixou de lutar
Mesmo em outra dimensão revestido em outros véus.

terça-feira, 29 de julho de 2008

OUTROS MOMENTOS

Outros momentos
Gracinda Calado

Desatei todos os nós
Revi velhos conceitos
Dei um belo sorriso
Joguei-me no chão.

Segurei o ar no peito
Perfumei meu corpo
Vesti-me de azul
Vivi bons momentos.

Fiquei quieta, calada,
Calei quando não devia
Chorei de alegria
Amei a noite escura.

Sorri pra não chorar
Dancei uma valsa
Dei um abraço,
Saí para passear.

Andei à beira mar
Sentei-me no chão
Acariciei as rosas
Beijei o orvalho.

Afastei angustias
Me entusiasmei
Vivi cada momento
Beijei a tua imagem.

Dei um forte abraço,
Olhei para o céu,
Nenhuma lua,
Acalmei meu coração.

sábado, 26 de julho de 2008


O CAMINHO DO DESERTO
Gracinda Calado

Seguindo a direção do sol, corações ardem em brasa.
Raios de fogo coloridos abrem-se como leques de cores e de luzes escarlates.
No percurso do caminho, peregrinos do destino, viajantes das jornadas seguem o seu caminho.
Passos firmes decididos seguem o rumo do sol enquanto o suor banha-lhes os rostos ensopados pelo calor do deserto.
Ainda vai longe à aurora boreal para refrescar o tempo de parar.
Sol a pino na estrada da vida mostra as dificuldades do caminho; uma nuvem seca de poeira cobre toda a estrada. Nenhuma gota de água para molhar os lábios dos que vão à procura do destino.
Continuam a viagem, sofrendo, chorando, maltratados pelo calor do sol.
Nenhuma brisa fresca aparece para refrescar-lhes a cabeça.
As almas frenéticas acuadas e sofridas pedem perdão naquela peregrinação dorida.
Os pecados são jogados pelo chão daquele caminho à fora e a alma agora se refrigera nas águas frias do perdão.
A noite chega, depois a madrugada manda tudo embora.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

A PRAÇA DE SANTA LUZIA


A PRAÇA SANTA LUZIA DE BATURITÉ

RECEBI DE UM AMIGO E COM PRAZER ADICIONO À "COISAS DA MINHA TERRA"

Por Mario Mendes Junior*

Hoje quadrilátera, a principal praça de Baturité, na primeira metade dos anos de 1930, foi concebida com uma via transversal, pavimentada de pedra tosca, interligando a Rua 15 de Novembro à Dom Bosco. Assim desenhado, o lugar público revelava a visão futurista do seu idealizador, uma vez que, naquele tempo, quase não existia trafego de veículos motorizados. Se apreciada pelo efeito arquitetônico, a abertura diagonal tracejava uma hipotenusa dividindo o quadrilátero em dois triângulos retângulos bordados de calçadas cimentadas, enfileiradas de bancos de madeira cada qual com uma muda de fícus benjamins, plantada, para sombreá-los depois de crescidos.
A 22 de outubro de 1933, antes da inauguração, o prefeito Ozimo Alencar abriu um plebiscito popular para escolha do nome da praça, e a dez de outubro do mesmo ano, uma comissão presidida pelo major Pedro Mendes Machado, apurou os votos, que se seguem: Praça Dr. Carneiro 2 votos, Praça Coronel Joaquim Mattos 16 votos, Praça Coronel Raimundo Maciel 21, venceu, porém com 685 o nome que até hoje permanece Praça Santa Luzia.
Na Capital da Serra, na década de 1950, tudo resplandecia. Jardim florido, canto mais pitoresco do lugar, o verde das árvores modeladas emprestavam à Praça Santa Luzia, de então, o caráter de cartão postal da cidade.
No triangulo do poente, em frente à casa do banqueiro Virgilio Bezerra, um benjamim, modelado qual jardim europeu, representava um elefante de tromba alevantada. Um pouco mais abaixo, em frente à casa do português Manoel Simões, a maestria do jardineiro escultor transformou duas árvores na figura de um avião. Ainda, nesse triangulo, em frente à Pensão Canuto, plantas menores decoravam um bosque florido, redondo, com bancos de madeira, pintados de vermelho, com suporte de ferro fundido, todos fixados de modo, que, seus freqüentadores, reunidos, pudessem conversar de frente uns para outros. Para mais além, depois do enorme tangue dágua, para irrigar o jardim, mas, às vezes, mal usado como piscina, bem na aresta do ângulo reto, de frente à casa que pertenceu ao coronel José Pinto do Carmo, outro benjamim simulava uma ave, pondo ou chocando seus ovos num ninho em forma de cubo. No triangulo do lado do sol, em frente ao Barracão das Carnes, que injusticavelmente foi demolido para dar lugar ao atual prédio do Banco do Brasil, uma touceira arbórea rasteira, idealizava uma estrela, adiante duas árvores se avultavam de cada lado do coreto e se abraçando no centro daquele palco a céu aberto, para delinear a escultura, obra prima do escultor de arvores anônimo: uma lira símbolo da música tantas vezes tocada, ali mesmo, em inolvidáveis retretas. Ainda, nesse segundo triangulo um benjamim muito crescido, em cima de um cubo de galhos e folhas, ostentava a estrela do ESPERANTO, um tributo à língua

MÚSICA


MÚSICA

Gracinda Calado

Divina invenção!
Sons dos deuses do universo, és tu divina música a deusa encantada de todas as horas.
Paixão da minha vida!
Doces acordes e perenes melodias soltas no ar que eu respiro e sugo sem medo.
Divina escolha de Deus em versos no infinito dos céus.
Sagrada música!
Lágrimas dos anjos, poesias em formas de estrelas que cintilam nas noites musicais.
Sons universais dos astros e dos cometas entrelaçados de luar nas noites escuras.
Ó música, magia dos cérebros protegidos pelos deuses gregos e romanos!
Ópio dos poetas e dos apaixonados, dos que sofrem por amor.
Remédio dos inválidos e dos que no peito traçam sentimentos vazios.
Melodias com gosto de mar e de luar em noites de solidão.
Bendita música enlevo das almas perdidas amedrontadas.
Guardas em teu seio nu os segredos dos musicais e das tragédias gregas;
Tangos, valsas e boleros cheios de histórias de amor e desventuras.
Canção do infinito, divina musica dos menestréis de outrora!
Paixão, saudade é teu destino enganar corações apaixonados e sofredores nas tabernas das vilas sombrias.
Divina música sopro dos anjos e dos deuses, és minha vida e minha morte, meu destino e minha sorte!
No castelo de teu reino és a rainha, és a mais bela entre toda a realeza.
Sons de mistérios e de magias em noites de lua cheia olhando o clarão do luar.
Meu vicio preferido que em tudo me faz sorrir e cantar!

segunda-feira, 21 de julho de 2008


CORAÇÃO CHEIO DE AMOR
Gracinda Calado

Um coração apaixonado arrisca tudo por amor.
Paga para ouvir uma palavra, um gesto amoroso,
Uma música romântica, um filme com uma linda história.
Em nossa vida quem nunca amou?
O amor faz parte da vida de todos os seres vivos,
Até as plantas sentem quando as maltratamos ou as tratamos com carinho.
O amor é um sentimento puro, divinal.
Nascemos do amor e para o amor seguiremos um dia.
O amor é que preenche o vazio de nossos corações.
Foi por amor que o mundo se fez,
Foi por paixão que nasceu a criação do céu.
A grandeza do sol, a beleza da lua e o brilho das estrelas,
Nasceram de uma grande paixão entre Deus e o espírito do universo.
Quando Deus fez surgir Adão do barro, deu-lhe de presente a sua Eva.
Do amor renascem outros amores, outros corações outras canções!

domingo, 20 de julho de 2008

SINTO SAUDADES


SINTO SAUDADES
Gracinda Calado

Saudades dos lençóis brancos da minha infância;
Do cheiro de chuva no telhado, do perfume das flores;
Das cores das borboletas nos canteiros dos jardins.

Saudades daquela flor no cabelo em dia de são João,
Do vestido de chita dos balões e das fogueiras.
Saudades da minha terra em noites de lua cheia;
Do coaxar dos sapos e do canto dos passarinhos.

Saudades de quem não sei, saudades de quem amei.
Saudades dos amigos que moravam no meu quarteirão.
Saudades do teu retrato, hoje triste desbotado;
Saudades dos dias de chuva esquentando o nosso cobertor.

Saudades com gosto de amor, tão doce, tristes saudades.
Saudades quando amanhece o dia tudo cheirando a molhado.
Saudades das tuas lágrimas rolando no meu rosto nu.
Saudades com gosto de sal nos dias ensolarados.

Saudades dos que amei e partiram para não mais voltar.
Saudades das despedidas em dias tristes na estação.
Saudades das noites frias esperando tua volta.
Saudades do cheiro do teu cabelo e do teu suor.

Saudades da minha mãe e meu pai;
Hoje com lágrimas nos olhos eu choro de saudades.
Do meu filho querido que voou para o céu,
Do meu amor que partiu, nunca mais voltou!

segunda-feira, 14 de julho de 2008


A VISITA
Gracinda Calado

Ontem senti que tu chegavas.
Um vento frio passou em meus cabelos, cobriu meu rosto e beijou-me os lábios demoradamente.
Uma luz branca, como um clarão místico inundou meu quarto.
Um som angelical surgiu misteriosamente embriagando-me com aquela música.
Uma sensação de bem estar senti ao ver teus olhos brilhando de amor enquanto se dirigiam para mim.
O teu sorriso emoldurado em tua boca, sorriu para mim deixando-me tonta.
As minhas faces ficaram rubras pelo calor que vinha de ti.
Tentei pegar tuas mãos não consegui alcança-las pelo calor do teu corpo divinal.
Uma sensação de bem estar instalou-se em mim.
Minha alma foi subindo aos céus por um instante, devagarzinho ao teu encontro.
Aos poucos o vento foi se dissipando lentamente e a bela visão daquela madrugada foram embora...
Minha alma ficou extasiada e plena, iluminada!
O teu encontro trouxe-me paz, pois é tudo o que eu desejo meu amor!

TARDE MORNA
Gracinda Calado

Depois de uma manhã triste como um coração magoado, sinto-me perdida em meus pensamentos e lembranças do passado.
Tudo me incomoda nesta tarde morna em que a alma da gente perde completamente a força de viver feliz.
Olho a rua deserta, parece que não mora ninguém.
Não passa nada, nem uma pessoa, nem um cãozinho para alegrar-me.
Aos poucos minha alma chora, e um arrepio forte cobre todo meu corpo.
Ouço ao longe o som de um relógio e em seguida um sino toca na igreja.
Quantas recordações de minha terra quando eu ficava ouvindo e contando as badaladas do sino centenário, ao chamar os devotos para as orações.
A tarde é morna e meu coração é quente de emoções e de saudades!
Aos poucos a tarde morre e com ela a esperança de alegria.
Não quero ser triste nem chorar pelo que perdi um dia.
O que foi plantado em minha alma, tento arrancá-lo e sempre brota algumas folhinhas para avisar-me que a minha planta ainda está viva e precisa de cuidados.
Anoitece! Entro em desespero e logo me acalmo lendo um livro de Neruda.
Ele também sofreu de tristeza e de amor!
Tento sorrir, tento fingir que sou feliz!

sábado, 12 de julho de 2008


VERSOS PARA O MAR
Gracinda Calado

Sob o céu de outono, o grande o mar!
Mar que leva veleiros, leva marinheiros,
Mar que zarpa ligeiro o barco aventureiro,
Para outros grandes mares pescar.

Mar de sal, mar de anil, mar sem igual,
Em suas ondas dançam lindas sereias,
Faróis do mar, fachos de luz iluminam,
As águas e as praias cravejadas de cristal.

Oceano que se estende em meu peito
Na hora do choro derradeiro.
Mar que chora lágrimas de saudades
E de lembranças tão distantes...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

ORQUÍDEA LILÁS


ORQUÍDEA LILÁS
Gracinda Calado

Entre todas as flores a mais bela é a orquídea lilás.
Olhando para ela uma calma transparente se apresenta.
Suas pétalas são de uma beleza sem igual,
É frágil e ao mesmo tempo é forte, divinal.

A simplicidade de seu perfume apaixona,
Sua cor lilás suave é apaixonante, celestial.
A orquídea não é uma flor comum, popular,
A orquídea não se encontra em qualquer quintal!

Mora na floresta, na mata verde tropical,
É uma flor encantada, admirada entre todas,
Misteriosa, procurada pela sua formosura,
O seu perfume, e a sua cor é tecida em cetim.

Parece que ela está sempre pronta para a festa,
Com o seu vestido lilás, escondida, revestida de organdi.
A orquídea é a mais linda flor do jardim!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

CHEGADAS E PARTIDAS


CHEGADAS E PARTIDAS.
Gracinda Calado

Na beira do cais um triste adeus, um vulto de mulher na escuridão, esconde o rosto pálido pra não ser notada.
Um vulto de ilusão branqueia-se na penumbra da lua cheia, à procura de seu bem.
Um apito triste na despedida, anunciando que a hora já chegou.
Um vulto de mulher caminha lento, compassadamente na calçada do cais.
O navio singra os mares da desilusão, deixando para trás a solidão.

O que foram feitos dos sonhos e das fantasias nessa hora triste?
A corrente levou tudo pelo chão, rumo ao abismo de uma cruel separação.
O barco que singra agora os mares, leva consigo uma saudade louca, de amores desfeitos.
O vulto da mulher, silenciosamente desaparece na escuridão.
Um outro dia chegará, e em outro cais aportará um outro navio e traz com ele um novo amor!
Um outro amor renascerá e a vida continuará em outro porto, em outro mar, em outro cais, em outro lugar.

terça-feira, 8 de julho de 2008

MÃOS, PARA QUE SERVEM AS MÃOS?


MÃOS, PARA QUE SERVEM AS MÃOS?
Gracinda Calado

Mãos, para que servem as mãos?
Mãos delicadas enfeitadas de anéis,
Mãos que trabalham tecem e bordam,
Seguram a caneta e os papéis.

Mãos tão calejadas, suadas,
Mãos que acariciam, e alimentam,
Movimentam-se com facilidade,
Mãos sem maldade, sem crueldade,
Mãos que rezam uma prece, uma oração;

Mãos vazias, mãos cheias de misericórdia!
Mãos que embalam, mãos que abençoam;
Mãos estendidas pedindo um pedaço de pão;
Mãos abençoadas que suplicam perdão.

Mãos, para que servem as mãos;
Para fazer um carinho e com jeitinho,
Alisar os cabelos e com desvelo enfeita-los.
Mãos que apertam no peito o filho querido,
Mãos que trabalham, mãos que sustentam,
Mãos que abraçam, mãos que enlaçam;
Mãos, para que servem as mãos?

segunda-feira, 7 de julho de 2008

ATRAVÉS DA JANELA


ATRAVÉS DA JANELA
Gracinda Calado

Através da minha janela vejo a vida passar docemente.
Homens que passam ligeiro em busca de seu ganha pão,
Mulheres que andam depressa na esperança de chegar primeiro.
Crianças que correm para a escola, levam no braço a sacola.
Já é hora de estudar.
O dia começa e com ele a esperança de um dia melhor,
Um dia promissor, alvissareiro, para os que trabalham o dia inteiro.
Através da minha janela, jovens se divertem jogando bola na rua;
Um casal de velhinhos sorridentes vai em busca de um jardim,
Vão em busca de alento para seus prantos,
Enquanto a vida, docemente lhes prepara um novo encanto.
Casais de namorados felizes de braços dados,
Abraçados, trocam juras de amor.
Enquanto olho a janela, meu peito bate forte a saudade que ficou;
Ficou a saudade de um amor ausente e uma lembrança presente.
Aquele banco lá da praça também conta uma história de amor.
No jardim, as flores lembram um passado que já se foi e não voltou!
Através da minha janela vejo a vida passar lentamente...

sexta-feira, 4 de julho de 2008

A DAMA DA NOITE


A DAMA DA NOITE
Gracinda Calado

No silencio da noite tudo se transforma em mistérios e magias.
Um vento frio passa lentamente pelas copas das árvores;
Um assovio ouve-se ao longe, é a dama da noite misteriosa que chegou.
Seu vulto lânguido, esguio, passeia por entre as palmeiras da praia.
No silencio da noite a 'dama da noite' solta seu perfume de mulher para atrair uma paixão.

Ao tocar na areia branca da praia ela se transforma em algodão;
E o vento da noite se arrasta para alcançá-la e com ela viver momentos de emoção.
Do mar a brisa noturna solta seu suspiro e vem ao encontro da 'dama da noite.'
No telhado da sacada ouve-se o pio da coruja agasalhando seus filhotes.
O céu é azul como um petróleo negro, cravejado de cristal de estrelas.
Nem um sinal do céu desceu para lembrar que a noite não é de luar.

A escuridão é o caminho da dama que procura a noite.
Ela funde-se com a negritude do universo.
Todas as noites ela chega, como um vampiro, escondida na escuridão.
Tem a forma de mulher, ela arrasa corações com seus mistérios;
Com seu perfume embriaga a todos que por ali passarem,
Caminha lento em busca de um grande e novo amor!
A 'dama da noite' é um mistério é uma magia na cabeça da noite escura!

quinta-feira, 3 de julho de 2008

DESABAFO MATINAL


DESABAFO MATINAL
Gracinda Calado

Em uma pequena igreja da periferia de Fortaleza,
um roubo aconteceu na madrugada.
O nome do bairro é Bom Sucesso.
O que é estranho nesse fato triste é que os ladrões não quiseram as imagens da
Igreja. Levaram o sacrário.
Levaram a âmbola cheia de hóstias e o cálice do vinho.
Levaram as roupas (paramentos) usadas pelo sacerdote na realização das missas.
O mais triste desta fatídica história, foi o uso que fizeram das hóstias consagradas, espalhadas pelos matos e pelo chão sujo dos esconderijos dos ladrões.
As hóstias serviram de tira-gosto para ingestão torpe de suas bebidas entorpecentes.

A minha alma está aflita por esse ato diabólico.
A profanação do corpo de Jesus, caído, jogado como lixo no interior de esconderijos malditos e pecaminosos, meu Deus!
Para onde a humanidade caminha?
O que fazer nessa hora de tão abominável crime?
O roubo foi premeditado, na igreja, no lugar sagrado, de objetos sagrados...
O nosso coração de cristão reza, o nosso coração de cidadão sofre.
A nossa razão, perdoa a insensatez e a ignorância desse ato abominável.
Pessoas que praticaram essa ação, são vítimas de uma sociedade desestruturada e infeliz. Onde andam as autoridades responsáveis pela segurança de nosso povo?
A igreja lugar de oração, de recolhimento e de adoração a Deus, foi palco de perversão e banalização por parte de filhos de Deus que não souberam respeitar o lugar sagrado.
Ó Senhor tende misericórdia dos que não sabem o que fazem!

AQUELA ROSA...


AQUELA ROSA...
Gracinda Calado

Hoje abri aquele livro que um dia tu me deste de presente.
Nele estava escrita a nossa história.
Ao folheá-lo encontrei ‘aquela rosa’ amassada, sem vida, sem cor.
A rosa que tu me deste e a tanto tempo eu guardava, está morta.
Morta como o nosso amor, velha, encostada, esquecida, abandonada.
Ainda me lembro ‘daquela rosa,’ perfumada, vermelha como carmim,
A rosa que tu me deste, era assim.
Era a rosa mais bonita do jardim!

A rosa que tu me deste não era esta rosa...
Era uma rosa cheia de paixão, de mistério,
De beleza, sentimento, emoção!
Assim cheia de viço e beleza eu guardei aquela rosa.
‘Aquela rosa’ é hoje a rosa amassada, sem brilho e sem cor,
Assim como o nosso amor, sem paixão e sem ardor.
A rosa vermelha está amarela, perdeu a cor,
Não lembra mais nosso amor!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

CASA VELHA DA PONTE


A CASA VELHA DA PONTE

GRACINDA CALADO


Aos domingos, debaixo das tuas mangueiras juntávamos em roda a brincar, cantar e depois correr até ao rio.

Depois em pulos caíamos no leito do rio a mergulhar e nadar. Com a agilidade da juventude, subíamos na contra-mão para pegar os cajus que teimavam em cair em nosso rosto. Que brincadeira aquela! Maravilhosa!

Nas férias enchíamos a casa de amigos e de primas e desfrutávamos todos os prazeres das brincadeiras de criança: pega-pega, dança de roda, o anel, esconde-esconde, jogo de pedras, jogos de bola, teatrinho e sem lá o que, a gente inventava, como comidinhas feitas em panelinhas de barro desfalcando os pratos do almoço preparado pela Maria.

Casa velha da ponte, das noites de lua cheia, dos coaxás dos sapos, dos ruídos dos grilos, das borboletas nas trepadeiras e nas acácias...

Casa velha do cheiro de doce de leite que a minha mãe fazia, dos bolos pés-de-moleques das comidas gostosas aos domingos, do cheiro de rapadura, das cocadas e dos beijus, das tapiocas e das frutas doces colhidas pelo meu pai.


Casa velha dos dias de chuva, dos trovões, das enxurradas, das enchentes do rio, das correntezas,do barulho das pedras rolando de rio abaixo...

Casa velha dos jardins de minha mãe, das roseiras perfumadas, dos jasmins, das margaridas, das adálias e das palmeiras...

Nossa casa era um abrigo de amor e de ternura.Hoje não existe mais, só na saudade de seus filhos queridos que não a esquecem jamais.

CASA VELHA DA PONTE

Casa velha da ponte, das noites de lua cheia, dos coaxás dos sapos, dos ruídos dos grilos, das borboletas nas trepadeiras e nas acácias...

Casa velha do cheiro de doce de leite que a minha mãe fazia, dos bolos pés-de-moleques das comidas gostosas aos domingos, do cheiro de rapadura, das cocadas e dos beijus, das tapiocas e das frutas doces colhidas pelo meu pai.


Casa velha dos dias de chuva, dos trovões, das enxurradas, das enchentes do rio, das correntezas,do barulho das pedras rolando de rio abaixo...

Casa velha dos jardins de minha mãe, das roseiras perfumadas, dos jasmins, das margaridas, das adálias e das palmeiras...

Nossa casa era um abrigo de amor e de ternura.Hoje não existe mais, só na saudade de seus filhos queridos que não a esquecem jamais.

VIAJANTE DAS ESTRELAS
Gracinda Calado

Viajante das estrelas, sei que és,
Não sei qual galáxia te escondes,
Nessa amplidão mágica dos céus.

Deixaste um rastro luminoso
Quando partiste pra outros mundos,
Sem adeus, nem gesto amoroso.

Quisera encontrar esses lugares,
Mágicos, sutis, misteriosos,
Em que silenciosamente te escondes.

Malvado é meu cruel destino,
Sempre a te procurar em uma estrela,
Encontro-te num sonho pequenino.

Em que estrela se escondeu o meu amor,
Em que parte do universo se meteu,
A razão maior da minha dor?

Viajante das estrelas tu serás,
Sempre e talvez eternamente,
Raio de luz que em meu peito viverá.


terça-feira, 1 de julho de 2008

A DANÇA DAS BORBOLETAS


A DANÇA DAS BORBOLETAS
Gracinda Calado

Uma borboleta chegou muito faceira, invadiu o jardim e ficou.
Dançou e rodopiou na roseira.
Chegou assim de repente, sem pedir licença a ninguém.
Fez festa nas flores, sugou o mel de todas elas e dançou.
Chegaram outras borboletas...
Na dança das borboletas eu sonhei.
Na dança das borboletas eu imaginei você sorrindo...
Na dança das borboletas o seu amor era lindo...
Era lindo, colorido de cores sem igual.
A borboleta faceira era azul me entreguei,
A borboleta vermelha era a bailarina, dancei.
As cores rosadas eram das borboletas elegantes, não competi.
A borboleta amarela era a mais singela, atrativa e sensual...
No meu sonho eu era a borboleta lilás, agressiva, poderosa sem igual.
Você fazia parte do meu sonho, das minhas cores e da minha vida.
Você era a roseira preferida de todas as borboletas do jardim