domingo, 29 de agosto de 2010

AMANHECE!

Amanhece !


O sol derrama sobre a cidade os seus primeiros raios de luz.

Sobre os telhados uma cor laranja feito brasas, se avista ao longe, enquanto a cidade ainda dorme e aos poucos vai se espreguiçando para cumprir o ritual do dia.

O clarão da manhã rompe o mistério da noite e transforma a cidade inteira em luz.

O fantástico espetáculo da aurora vai deslizando sobre os montes, emoldurados pelas flores das serranias, em despedida da noite que passou.

Pela janela aberta docemente, vejo pessoas que passam seguindo seus destinos, passos lentos, compassados, como quem não tem pressa de viver.

Na minha rua, flores se abrem nos jardins e perfumam o ar.

Na moldura das cores, dezenas de borboletas livram-se de seus casulos e fogem fartas de desejos em busca de beijos.

O sol, astro rei, traz vida e transforma todas as criaturas.

Os pássaros cantam nos galhos das árvores anunciando a felicidade de viver em comunhão com o universo.

Olho atentamente a paisagem da rua, enquanto meu corpo preguiçosamente sente a saudade da noite que passou e prenuncio o vazio do dia que virá para mim.

As belezas desta manhã ficarão na memória e nas recordações da minha história.

As saudades do passado me acompanham, e a tua imagem me persegue ainda, mergulhada na alegria daquela manhã de verão.

Pessoas vão e vêem pelas ruas da cidade, rumo ao trabalho cotidiano e em mim as saudades de um amor que se findou.

sábado, 21 de agosto de 2010

CHEIRO DE NATUREZA

CHEIRO DE NATUREZA

Gracinda Calado

Abro a janela ,sinto um vento suave que vem do mar e com ele um cheiro e gosto de sal que invade meu paladar com aquele sabor que conhecemos desde a pia batismal!

A maresia aumenta a cada hora e as ondas se avolumam, e o barulho é ouvido de longe. As nuvens estão pesadas parecem que vão cair; da terra um cheiro puro de chuva de verão se aproxima desperta nossa sensibilidade interiorana, é o cheiro da mãe natureza!

Da janela emoldurada bate um vento frio e forte com cheiro de mato e de flores...Sinto no meu rosto o gosto da manhã fresca que anuncia um lindo dia!

Na janela ao lado passarinhos fazem ninhos e soltam os últimos gorjeios matutinos. Alguns pingos de chuva fina molham minha face como se fossem lágrimas de saudades, e o meu rosto sonolento se refaz dos pensamentos de outrora!

Continuo olhando a rua e respirando o odor da manhã que invade toda a cidade. O cheiro do café coado se espalha pela vizinhança toda enquanto o padeiro entrega o pão a domicilio. O jornaleiro envolve o jornal em plástico transparente e joga nos jardins das casas. O relógio da Igreja bate as horas !

Apresso-me em tomar minha refeição matinal, depois de uma rápida oração.

A minha janela continua sendo os meus olhos, meus ouvidos e meu olfato.

A insônia me trouxe o dia mais lindo e com ele o sol, a luz e toda a energia do Universo!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

CAMINHANDO COM OS SONHOS

CAMINHANDO COM OS SONHOS

Gracinda Calado


Na vida todos nós temos momentos de altos e baixos em nossas relações.

Muitas vezes nos entregamos inteiramente a uma causa boa ou produtiva.

Viajamos nos sonhos quando o amor acontece.

Somos surpreendidos pelas decepções, os medos, as traições, os desencontros.

Sonhamos e nos sonhos depositamos nossos sentimentos de maneira singela, pura, confiável.

Esses sonhos nos dão esperanças de viver, porque neles fazemos a nossa história.

Nossa caminhada no planeta é uma luta constante. Caminhamos com pessoas sempre ao nosso lado, verdadeiros anjos ou demônios.

Muitas vezes erramos, outras acertamos, assim vamos caminhando nos sonhos.

Eles nos dão forças para enfrentarmos a caminhada do dia a dia.

Quando sonhamos, viajamos nas asas do vento, subimos até aos céus, cantamos pra lua, tecemos fios de prata nas estrelas. Viajamos nos pensamentos.

Através dos sonhos, somos deuses e coroamos reis e rainhas em nossos castelos.

Caminhando com os sonhos, damos asas as nossas paixões, as nossas ilusões e nossas alucinações.

O nosso mundo é fantástico, a nossa alma é transparente e translúcida.A nossa imaginação é mágica e feliz!

O nosso corpo é leve e nossos passos mais sutis.Nossos sonhos nos levam a lugares imagináveis!

Voamos como devem voar os anjos e fazemos festas para os querubins.

Falamos com Deus e nos sentimos parte da criação universal de amor!

Não sofremos, nem sentimos dores na magia louca de sonhar!

Quando deixarmos de sonhar estaremos mortos!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

QUANDO EU ERA CRIANÇA

QUANDO EU ERA CRIANÇA...

Gracinda Calado


“QUANDO EU ERA CRIANÇA PENSAVA COMO CRIANÇA”...


Pensava que os pássaros voavam até chegar ao céu;

Que todas as mães eram santas e puras;

Que os anjos falavam a linguagem do paraíso,

Que só Deus entendia suas falas.

Quando eu era criança pensava que os carneirinhos brincavam

Nas nuvens brancas e eu ficava momentos contando suas passagens.

Que o mar findava no encontro com o céu, por isso era azul.

Que são Jorge montava um cavalinho branco na lua.

Que a alma da gente viajava no espaço e ouvia os sons do universo.

Que as palavras nasciam da música de um piano (por causa da partitura).

Que o barquinho corria ligeiro empurrado pelas ondas do mar.

Que o vento ouvia a gente falar de amores e levava essas palavras para bem longe!

Que no fundo dos oceanos moravam dragões e sereias.

Que nas praias, as conchas, levadas aos ouvidos

Imitavam os sons do barulho das ondas.

Que meus pais nunca morreriam...

Que Deus amava as criancinhas e nunca as deixariam sozinhas.

Que do outro lado do mar, existia uma cidade perdida,

Onde moravam os reis e as rainhas em seus castelos.

Que a tristeza não existia, era coisa de gente grande.

Que a dor e o sofrimento só existem com os poetas.

Que toda alma é música que se toca sempre.

Que a vida é um mistério de Deus,

Que o fogo é feito de feitiço e de magia,

Que Deus mora nas igrejas e passeia com os anjos no céu.

Hoje, penso como gente grande: a alma sente nostalgia e muitas vezes é prisioneira.

Hoje me vejo ainda como criança quando volto ao passado,

Meu coração ainda pulsa como criança, mas não fala como criança,

Nem pensa como criança.

Como adulta, faço a viagem em sentido contrário.

Rastejo-me nas pegadas de minha infância feliz e abençoada.

Hoje minha alma sente saudades das minhas origens.

Às vezes se sente estranha, acanhada...

Anda para trás e navega ao sopro das recordações;

Hoje minha alma é de poeta, sofre a dor de ‘enganador’;

Nos versos que eu quero arrancar de meu interior!