domingo, 29 de maio de 2011

QUERIDA AMIGA BEATRIZ

Gracinda Calado

Hoje tive uma grande alegria em saber que o passeio de eis-alunas salesianas de Baturité foi muito bonito e cheio de recordações e saudades. Confesso ter tido inveja de todas as minhas colegas, principalmente aquelas dos anos sessenta, época em que explodíamos de dentro para fora o amor e a amizade sinceros, as brincadeiras simples e gostosas, no convívio santo e maravilhoso de nossas queridas mestras, como ir. Nazareth Nóbrega, ir. Antonieta Cavalcanti, Ir. Inácia, Ir. Teixeira, pequena grande alma que ao piano criava e recriava músicas dos deuses que embalavam nossas almas de emoções indescritíveis para a época.

Nosso colégio tão acolhedor!
Nossas vidas cheias de energia, de planos para um futuro ainda distante, não poupávamos segredos e projetos...

Agradeço a todas as minhas mestras tudo o que delas aprendi naquele convívio de pureza e de muita paz, o amor a Deus e a devoção a minha querida mãezinha do céu, que até hoje eu venero com devoção e amor. “Rainha gloriosa”, Nossa Senhora Auxiliadora, que minha mãe me ensinava à devoção do santo terço todos os dias, e hoje rezo, muitas vezes o terço “caindo” sobre os lençóis de tanto sono, pelo cansaço do dia a dia.

São tantas as saudades, amiga, aquela turminha de professorandas, que se espalharam por esse Brasil, por essas terras e que há tempos que eu não as vejo!
Saudades da nossa terrinha, tão linda, verde, cheirando a flores dos seus jardins enfeitados de angélicas e borboletas...

Saudades da nossa Igreja Matriz, onde fui batizada pelo Pe. Artur Redondo, onde fiz minha 1ª Comunhão e onde me casei.

Saudade de meus pais, meu querido Aldemar, meus irmãos, alguns que já partiram para a casa do Pai, como meus pais.

Saudade de ti querida amiga, que desde a infância conservamos uma sincera amizade, e que aqui agradeço por isso, é uma dádiva de Deus!

Meu abraço de saudades da amiga: Gracinda Calado

terça-feira, 24 de maio de 2011

A VOZ DO CORAÇÃO


Gracinda Calado
Hoje ouvi uma voz que soava forte em meus ouvidos

Um canto triste, cheio de melodias suaves,

Ao mesmo tempo, ouvi um choro que saía da minh`alma.

O choro era forte, mas o canto era lindo, harmonioso,

Sem ruídos nem mistérios, naquela noite cheia de graças.

Enquanto o som invadia a amplidão do espaço, um raio

De luz apareceu no céu, fulgurante, alucinante,

E a minha alma embriagada pela voz melodiosa,

E pela luz do céu, chorou, sorriu, clamou o amor!

A voz saía do coração inflamado pelo grande amor,

E o silencio se fez sentir depois na amplidão do universo;

O coração falava baixinho, sem incomodar,

Silenciava esperando a hora de cantar e dizer ao mundo:

Como é grande o meu amor por você!

domingo, 22 de maio de 2011

O JARDIM DE MINHA MÃE


Gracinda Calado
A natureza foi pródiga na cidade de Baturité, onde o clima ameno e o ar puro privilegiaram os roseirais, as avencas e as samambaias, de inverno a verão.

Minha mãe admiradora da natureza, apaixonada pelas flores, ficava horas esquecidas cuidando das plantinhas, cuja satisfação era como um remédio para ela.

O lugar era propício ao plantio de flores, devido à fartura de água e adubos.

Logo cedo ela entrava para o jardim e começava um verdadeiro ritual: Limpava os matinhos e as ervas daninhas. Limpava canteiros de pequeninas flores, para que não fossem dominadas pelas maiores. Com um pequeno aguador, cuidadosamente aguava todas elas, a manhã inteira...

Em um canto do jardim, alguns jasmins, orquídeas, bougaris, todos branquinhos e perfumados; em outro canto, rosas vermelhas, amarelas, em tom coral, de odores embriagadores, como os pequeninos miosótis azuis, que gostavam de se esconder entre as folhagens verdes dos mimosos canteiros.

Na parte mais alta do jardim, cresciam as samambaias, as avencas, os cravos amarelos alaranjados. Do outro lado bem cuidado, as dálias, as verbenas, as açucenas e as margarida

No pé do muro enfileirava as pacavilhas vermelhas e dava um toque de arremate no jardim, e quando a noite chegava o perfume dos florais se misturava ao som dos sapos e das pererecas, que o vento gratuitamente espalhava por toda a redondeza.

O cheiro de minha mãe era próprio das flores que ela cultivava e todos os dias lhes abençoava.

Ao ver minha mãe sempre naquele lugar, era como uma rosa entre o roseiral!

Pela manhã as borboletas vinham saudar as flores e alegrar o coração de minha mãe!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A DESPEDIDA DO AMOR SEM FIM


Gracinda Calado
Depois de uma noite de tormentas e insônia, ele partiu,

Partiu para sempre sem dizer nenhum adeus.

Apenas seus olhos falavam pelo seu coração!


O sol aparecia tímido, com se não quisesse aparecer,

Porém a solidão que reinava nos corações, chorava

De dor pela despedida calada e fria do momento.


Uma brisa forte passou, com se quisesse destruir tudo,

Como chorava um coração amargurado pela despedida,

Enquanto a natureza anunciava que a vida continua...


O dia triste amanheceu, ele partiu, mudo sem adeus,

Apenas um beijo frio adormeceu o coração que chorava,

Dilacerado pela dor da separação, do triste fim!


Nas lembranças, os momentos misteriosamente infinitos,

Que marcaram suas vidas, a história de um amor sem fim...

Um amor que nunca se acabou mesmo com a força do adeus!

domingo, 15 de maio de 2011

UMA NOVA ESTRELA

Gracinda Calado
Eis que surge no céu uma estrela brilhante,

Que estrela é essa, não conhecia ainda,

Ela brilha demais, é emocionante!



Como será seu nome ou sobrenome?

Parece com um raio de luar, tenta ofuscar,

Tenta falar, tenta sorrir, tenta dizer que:

“Estou aqui para te ver, te ouvir e te amar!"


Meu nome é Tarcilia, minha luz é saudade,

O meu som é Calado do meu sobrenome,

Vocês já sabem quem sou no firmamento,

Moro onde moram os anjos e o Senhor da Verdade!


Aqui não tem choro, só amor, felicidade!

Tudo aqui é certinho como o manto de Maria,

É respiração de Deus, lágrimas dos anjos,

É raio de luz infinita por toda eternidade!





Fortaleza, 11 de Maio de 2011    (Uma homenagem a minha querida irmã Tarcilia Calado Lima.)

terça-feira, 10 de maio de 2011

ONTEM COMPLETEI ANOS...


Gracinda Calado
O que acontece quando a gente completa mais um ano de vida? .não senti, não doeu nada!

Completei 70 anos e não sinto que o tempo passou.

Se não fosse a vontade de rever meu passado, novamente estar com meus pais, brincar de roda, cantar canções, ciranda e cirandinha, e tantas outras coisas simples que a gente nunca esquece!

Às vezes me pego lambendo a bacia onde ficou a massa do bolo que minha mãe fazia, sentindo o perfume das frutas maduras do pomar, o cheiro de mel de cana da serra saindo dos caldeirões para fazer rapadura, ouvindo o ronco das águas descendo no rio em dias de chuva; dou imensas gargalhadas em pensar que subia nas árvores para colher frutas... Não posso esquecer minhas bonecas de pano que minha mãezinha fazia!



Quando penso nessas coisas, é como fazer uma grande limpeza na minha alma, é uma doce alegria de ter vivido e convivido com essas coisas simples, mas tão significantes para mim.

Lembro-me de meus irmãos, nas brincadeiras de meninos levados, e minhas irmãs preocupadas com o visual para impressionar os namorados!!!



Hoje é dia de tudo isso, menos de chorar pelo que passou.

Refiz meus plenos, superei meus desenganos, suportei minhas saudades, abracei meus filhos, beijei meus queridos netinhos, recebi afetos dos amigos e amigas, agradeci a Deus por ter me poupado até hoje junto aos que me querem bem.

Obrigada Senhor pela vida!

10/5/2011

segunda-feira, 9 de maio de 2011

SOU ASSIM...

Gracinda Calado
Em meu caminho às vezes tento caminhar em direção ao sol.

Oriento-me pela bússola da razão e às vezes encontro-me entregue ao coração.

No meu íntimo calada ponho-me às vezes a remoer pensamentos, e num momento acordo para a vida deleitando-me com tudo que há de bom ao meu redor.

Tento olhar o céu com os olhos dos poetas e sonhadores, acordo em sedas e cetins na relva fresca das madrugadas frias da ilusão.

Tento voar nas asas da saudade quando não encontro chão.

Meu pensamento briga, chora, sofre, procurando um ninho pra ficar ou um colo quente como abrigo.

Nas caladas da ilusão sou como o pássaro que foge ligeiro em busca de outros ares pra voar e terra firme pra pousar.

Sigo o caminho do céu, esforço-me pra chegar. Em vão rastejo-me na relva rasa dos jardins do coração.

Canto uma canção que sempre cantei quando não tenho a quem segurar a mão, e o som da minha voz sustenta-me na hora em que eu mais preciso.

Estou cansada de esperar pelos favores deste mundo, confio na força do universo e na energia das estrelas.

Só sei que dentro do meu coração mora um anjo que me faz feliz e isso já me basta!

ESTE TEXTO JÁ FOI POSTADO UMA VEZ, PORÉM HOJE É MEU ANIVERSÁRIO, E CASUALMENTE ACHEI QUE DEVIA COLOCÁ-LO MAIS UMA VEZ, PARA QUE MEUS ACOMPANHANTES ME VEJAM COMO SOU, NOS MEUS SETENTA ANOS. Beijos!

A FOME


Gracinda Calado
A maior doença do homem é a fome.

Ela humilha, deixa o homem igual aos vermes do lixo.

Quantas vezes vemos na televisão rostos esquálidos, desfigurados, braços magros, corpos sem vida sem animo para andar; lábios sem abrir um sorriso, olhos inchados de chorar e não dormir com vontade de um pedaço de pão para matar a sua fome ou de seus filhos.

Presenciamos muitas vezes nas feiras da cidade, restos de frutas e verduras que são jogadas aos animais; sobras de carne ardidas e mal passadas nas valas dos lixões e devoradas pelos pobres, miseráveis que arrastam os restos como iguarias de primeira.

Crianças que se jogam dentro dos tambores ‘do lixo’ dos supermercados, à procura de um pedaço de pão ou de um biscoito. Crianças que choram a falta de um copo de leite quando amanhece o dia.

Mulheres que amamentam seus filhos nos seus seios murchos sem nada para lhes oferecer. Muitas vezes elas choram e se desesperam com tal situação.

Muitas vezes crianças abrem os lixos ricos dos barões á procura de um sapato ou chinelo de borracha para forrar seus pés.

Miséria, muita miséria, é o que vemos toda hora na nossa cidade e em todos os lugares do mundo.

O homem está morrendo de fome, doença que só cura com alimento, sem ele não escapa ninguém.

Quanto mais vemos casos como estes, em nossas próprias casas sobras de comidas são jogadas fora, não se destinam a quem precisa. Dariam para alimentar muitas famílias.

O estrago é total, sem piedade, sem misericórdia, sem caridade.

A fome mata e maltrata, homens e animais.

O homem com fome, não tem dignidade. Não tem cidadania.

Não reconhece Deus seu criador. Não tem vez, nem voz. Não é ninguém.