segunda-feira, 9 de maio de 2011

A FOME


Gracinda Calado
A maior doença do homem é a fome.

Ela humilha, deixa o homem igual aos vermes do lixo.

Quantas vezes vemos na televisão rostos esquálidos, desfigurados, braços magros, corpos sem vida sem animo para andar; lábios sem abrir um sorriso, olhos inchados de chorar e não dormir com vontade de um pedaço de pão para matar a sua fome ou de seus filhos.

Presenciamos muitas vezes nas feiras da cidade, restos de frutas e verduras que são jogadas aos animais; sobras de carne ardidas e mal passadas nas valas dos lixões e devoradas pelos pobres, miseráveis que arrastam os restos como iguarias de primeira.

Crianças que se jogam dentro dos tambores ‘do lixo’ dos supermercados, à procura de um pedaço de pão ou de um biscoito. Crianças que choram a falta de um copo de leite quando amanhece o dia.

Mulheres que amamentam seus filhos nos seus seios murchos sem nada para lhes oferecer. Muitas vezes elas choram e se desesperam com tal situação.

Muitas vezes crianças abrem os lixos ricos dos barões á procura de um sapato ou chinelo de borracha para forrar seus pés.

Miséria, muita miséria, é o que vemos toda hora na nossa cidade e em todos os lugares do mundo.

O homem está morrendo de fome, doença que só cura com alimento, sem ele não escapa ninguém.

Quanto mais vemos casos como estes, em nossas próprias casas sobras de comidas são jogadas fora, não se destinam a quem precisa. Dariam para alimentar muitas famílias.

O estrago é total, sem piedade, sem misericórdia, sem caridade.

A fome mata e maltrata, homens e animais.

O homem com fome, não tem dignidade. Não tem cidadania.

Não reconhece Deus seu criador. Não tem vez, nem voz. Não é ninguém.

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