domingo, 28 de junho de 2009

NO JARDIM DOS ANJOS




NO JARDIM DOS ANJOS
Gracinda Calado

Naquela manhã o sol brilhava como fagulhas de fogo.
Os pares de borboletas dançavam por entre os madrigais floridos.
Em um canto do jardim, lá estava ele, calado, triste pensativo.
Cheguei mais perto, procurei tocá-lo, mas quanto mais eu me aproximava mais distante ele ficava. Afastava-se como para fugir do lugar. Porém a minha mente estava ligada a ele. Pude sentir as batidas do seu coração e o brilho do seu olhar.
Uma grande árvore roxa pendia seus lindos galhos cheios de flores perfumadas. Aquela árvore me atraia fui até ela sentir seu perfume. Os galhos que pendiam estavam cheios de flores que me encantavam. Meus olhos, meu olfato, todos os sentidos estavam impreguinados de tanta beleza. Por um instante senti que tudo era criação de minha imaginação.
Fechei os olhos e de repente ele chegou, tocou minhas mãos e disse-me ‘adeus’.
Aquele adeus que me faltava para entender tudo o que estava acontecendo.
Fiquei ali parada por um distante e ele não estava mais ali. Fechei os olhos como num sonho senti o seu abraço enquanto uma chuva fina caia e dissipava tudo. Saí apressada e passei por uma grande estátua de um anjo que abria e fechava as asas e falou-me: “Aqui é o jardim dos anjos”. Saí correndo passei por uma passarela de flores e as borboletas continuavam dançando em pares e o véu do tempo se abriu e acordei feliz!

sábado, 27 de junho de 2009


NA FLOR DA PELE

NA FLOR DA PELE
Gracinda Calado

Na flor da pele um arrepio,
Na flor da pele um perfume,
Na flor da pele um gosto macio.

Um arrepio de teus beijos,
Um perfume de teu corpo,
Um gosto macio de teu suor.

Na flor da pele os desejos,
Na flor da pele o teu sangue,
Na flor da pele os teus beijos,

Um desejo de te abraçar,
Sentir teu sangue pulsar,
Na volúpia de teu amor.

Na flor da pele a ilusão,
Na flor da pele a emoção,
Na flor da pele a paixão.

A ilusão de saber teus sonhos,
A emoção de teus beijos quentes
A paixão de uma noite feliz.

Na flor da pele a tatuagem do teu amor,
Na flor da pele a minha grande emoção,
Na flor da pele a história do nosso amor.

NA FLOR DA PELE

NA FLOR DA PELE
Gracinda Calado

Na flor da pele um arrepio,
Na flor da pele um perfume,
Na flor da pele um gosto macio.

Um arrepio de teus beijos,
Um perfume de teu corpo,
Um gosto macio de teu suor.

Na flor da pele os desejos,
Na flor da pele o teu sangue,
Na flor da pele os teus beijos,

Um desejo de te abraçar,
Sentir teu sangue pulsar,
Na volúpia de teu amor.

Na flor da pele a ilusão,
Na flor da pele a emoção,
Na flor da pele a paixão.

A ilusão de saber teus sonhos,
A emoção de teus beijos quentes
A paixão de uma noite feliz.

Na flor da pele a tatuagem do teu amor,
Na flor da pele a minha grande emoção,
Na flor da pele a história do nosso amor.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

APRENDÍ COM A VIDA


APRENDI COM A VIDA
(Gracinda Calado)

Passei por desertos e nada encontrei,
Viajei por mares revoltos e fiquei firme,
Fugi de fortes vendavais, e chorei,
Segurei a força do vento em minha face.

Aprendi o que é amizade,
Aprendi o que é amor,
O que é perdão e oração.
Passei nas estradas curvas do caminho,
Sofri, mas aprendi o que é viver,

Aprendi lições de casa direitinho,
Briguei com o tempo no relógio,
Marquei encontros e desencontros,
Entreguei minha vida, inteirinha,
Sobrou meu coração sem arranhão.

Passo nos desertos onde andei.
Não sinto frio, só muito calor.
Os mares agora estão calmos,
Os vendavais não chegam mais aqui.
A minha face é outra, no reverso,
Das coisas que aprendi.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O SILÊNCIO DE DEUS


O SILENCIO DE DEUS

Gracinda Calado

Quando Deus silencia é porque não estamos prontos para ouvir sua voz.
O silencio de Deus é o silencio do nosso coração. Entretanto podemos ouvi-lo a qualquer hora e em qualquer lugar.
Na cascata que chora, no murmúrio do rio, nas ondas do mar, no gorjeio de um pássaro,
No zumbido do vento, nas entranhas do fogo que estala sem cessar.
Podemos senti-lo na natureza e Ele poderá ouvir nossa voz que sai do nosso coração aflito ou arrependido.
Misturado ao som dos anjos muitas vezes cantamos canções de amor aos seus ouvidos a toda hora e o eco soará na imensidão, lá onde as estrelas fazem ninhos.
O silencio de Deus se faz para que possamos ouvir o som do nosso coração e os gemidos de nossa alma, misturados aos sons dos anjos do céu.
Devemos calar para ouvir a voz de Deus que a toda hora nos fala de amor no sorriso de um irmão e nas batidas de nosso coração.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

OLHA-ME...


OLHA-ME...

Gracinda Calado

Olha-me com olhos de quem vê a luz do dia,
Olha-me como se pudesses olhar no espelho.
Veja em meus olhos tua imagem pura
Eles são dois faróis a ti guiar na altura.

Abraça-me e me deseja muita sorte
Como quem fica e como quem parte,
Ampara-me nessa hora amarga,
Como quem carrega um fardo forte.

Fala comigo diz alguma coisa,
O silencio fala, mas não escuto,
Quero ouvir de tua boca ainda
Palavras de amor que tanto curto.

Beija-me como se o beijo fosse o ultimo,
Afasta-me de ti como quem foge,
Sinto-me forte nessa tarde fria,
Sem saber quem sou e quem tu és.

domingo, 14 de junho de 2009

OS DESÍGNOS DE DEUS


OS DESÍGNOS DE DEUS.
Gracinda Calado

Todos os dias fazemos planos, viagens, acordos, contratos, compramos bens, móveis, imóveis, e uma série de coisas sem pensar nem por um momento que a nossa vida e nosso destino não nos pertencem.
Medo, não devemos ter de viver, de sair, passear, fazer planos etc.
Confiança é que devemos ter naquele que é o dono da nossa vida e dos nossos projetos.
Muitas vezes planejamos auspiciosos e tentadores projetos, diferentes dos projetos de Deus e tudo dá errado.
Nossa vida se rege pelo que está preparado para nós.
A experiência nos diz que os fatos do dia a dia não são diferentes dos que já aconteceram anos e anos atrás, hoje com alguém que conhecemos, amanhã com alguém da nossa família, depois conosco. (sempre achamos que conosco não acontecerá nunca).
Uns chamam de fatalidade, outros de destino, alguém diz estava marcado nas linhas da vida etc, várias são as teorias e muitas são absurdas e imaginárias.
Somos grãos de areia no cosmo, revestidos de inteligência e de fé quando procuramos o transcendente. Nossa fé é que nos faz ver o quanto somos pequenos aos olhos do divino.
Deus o ser transcendental, nos guia e nos recebe em seus braços na hora do choro e da dor. Faz-nos ver a realidade da vida e nos enche de graça plena. Nossa alma é alimentada pela sabedoria divina na hora do desespero, da angústia e do terror, transforma em paz e silencio o que não podemos entender.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

CENÁRIOS DE VIDA




CENÁRIOS DE VIDA

Gracinda Calado

Nossa infância marca um cenário de nossa vida.
Somos crianças ainda pequenas, indefesas, dependentes.
Seguimos os rastros da luz, caminhamos sem destino, sem nada questionar.
Queremos explicações de tudo que nos rodeia, nos incomoda, nos aflige e nos castiga.

Crescemos adolescentes, sem muitas explicações. Só vemos o que nos interessa e só queremos o que não é pra querer, assim dizem nossos pais.
Estudamos, brincamos, corremos, cantamos, a vida é pura alegria, porém de repente tudo fica chato, cinzento, triste, nada queremos. Que cenário esquisito!
Logo seremos adultos, melhorar ou piorar...

Somos adultos: aí tudo se complica. Sabemos de tudo, temos a sabedoria incondicional dos poderosos, dos que marcam suas vidas com a experiência majestosa dos que viveram mais e aprenderam mais.
Temos mais problemas existenciais, sentimentais, culturais, sociais, financeiros, amorosos, de relacionamentos etc.
Em nossa vida vivemos aprendendo e errando, errando e aprendendo, em todos os momentos somos policiados por nós mesmos, pelos outros, pela sociedade que não nos paga nada pra isso. Nossa vida é uma escravidão social, onde o que vale é o que tem mais, onde deveria ser o que ‘é mais e oferece mais’. É o cenário da incoerência.

Quando ficamos idosos, velhos carentes, somos incompreendidos pelos familiares e pelos amigos somos abandonados. Quem se arrisca a querer ser nosso amigo?
Somos inúteis, incompetentes, desajeitados, doentes, desarrumados, surdos, mudos, só falamos demais...O nosso cenário é de penúria e doçura. Há os que se penalizam de nós, somos velhinhos, engraçadinhos parece que somos anormais...
Questionamos o que vivemos, agora vamos pra onde?
Para o céu dos normais. Já vivemos todos os cenários!

AS BORBOLETAS VOLTARAM


AS BORBOLETAS VOLTARAM
Gracinda Calado

As borboletas voltaram para a dança nupcial,
Encontram seus lugares, seus parceiros,
Seus amores sugam inteiro o roseiral.

Batem as asas, voam cobrindo o milharal.
Voam as borboletas, voam, vêem ao meu jardim!
Aqui terão o que guardei, meu amor sem igual.

Rodopiam no espaço, aqui, ali, e acolá,
Ficam fartas de desejos de mil beijos.
Na alcova do jardim em pleno mês de abril.

Borboletas incandescentes, pequeninas,
Asas cheias de luz reluzente no infinito,
Pares perfeitos de amores e de cores.

sábado, 6 de junho de 2009


RETRATO ANTIGO

Gracinda Calado

O teu retrato na parede, desbotado,
Parceiro do tempo e das procelas
Resiste ao infortúnio, desfigurado,
Sinais de envelhecimento, do acaso,
Que o tempo preparou para nós,
Sem volta e sem remédio para o caso.

Ao olhar teus olhos, eu sinto saudade,
E me reporto ao tempo bom do passado,
Ao ver tua imagem, triste na parede,
Choro lembranças febris da mocidade.
Tua pele macia tal fruta doce madura,
Como pêssego de um lindo pomar.

Retrato antigo quantas vezes te beijei!
Na solidão do quarto, nas noites frias,
No cansaço e na labuta eu solucei,
Chorei tua presença linda tão antiga,
Diferente daquela que um dia sonhei.

Voltarei ao meu feliz passado e ao teu,
Tatuada no retrato que um dia guardei,
Lembrarei a tua imagem jovem de outrora,
Como uma jóia preciosa, um camafeu.

Já vai longe o tempo que eu guardei,
O teu retrato na parede bem guardado,
Porém o tempo não deu trégua, me traiu,
E o teu retrato hoje é caso acabado.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

ALMA DE POETA


ALMA DE POETA

(Gracinda Calado)

O poeta tem duas almas:
A que ri e a que chora.
O poeta não se faz, ele nasce.
Sofre, pensa, sente a dor
Que amargamente dói.

Alma de poeta é triste,
Alma de poeta abandonado,
Seu coração é um sacrário de sentimentos,
Sofre o que vai na alma amargurada.
Sofre o que sai do peito retalhado.

O coração de poeta não tem dono,
É filho da tristeza e da alegria,
A solidão é sua irmã e a alma é gêmea.
Guarda uma dor que não se explica,
Finge sofrer a dor que nunca passa.

O poeta é um sofredor!
Tem coração de amante
Enquanto o peito rasga
A ferida, sangra a sorte,
O poeta canta até a morte.

Dispensa a rima, abarca a lágrima
Que cai vermelha, em sangue.
O coração do poeta é insaciável,
Precisa da dor, da tristeza e solidão,
Para fugir da triste decepção
De amar sem ser amado.

Escravo das palavras e dos sentidos,
O poeta é enganador
Engana a si e a própria dor!
É um sonhador e nunca um perdedor.

Fala o que sente
Diz o que quer
Às vezes mente
Por mulher!

TEMPO DE ESTUDANTE


TEMPO DE ESTUDANTES
Gracinda Calado

Quem não se lembra do seu tempo de estudante!
A vida era uma perfeição!
O tempo não parava tudo era rápido demais.
No colégio o ano letivo começava em Março, logo em junho fazíamos provas semestrais e em seguida as férias de julho. Em Agosto tudo voltava ao normal, às aulas iniciavam um novo período letivo. Os feriados nacionais, católicos, civis e outros, nos deixavam entusiasmados e cheios de projetos.
No final do ano sempre a expectativa das notas e boletins.
Época de estudante, descontração, alegria, tudo era brincadeira, mesmo as coisas mais sérias eram dramáticas; transformavam-se em gargalhadas como, um espetacular escorregão na rua.
Os encontros debaixo das árvores da praça, os amigos, as novidade em músicas e cinema, as anedotas, as gargalhadas, as combinações de novos encontros no cinema.
Nossa terra cheia de jardins nos dava inspiração aos romances.
O primeiro namorado no portão, o primeiro beijo, a primeira poesia, o primeiro bilhetinho etc. Os passeios no Mosteiro dos Jesuítas, a via-sacra ao sopé da montanha, os banhos de cachoeira, no poço da ‘moça’, as grandes caminhadas subindo a serra para passear.
Primavera febril, ritmo alucinante, corpos ardentes, alma delirante!
Assim éramos nós, cheios de atividades e de inovações.
Inventávamos passeios, brincadeiras, atividades bem movimentadas, o Clube dos Estudantes, que para nós era uma grande atração, BAC e suas tertúlias aos domingos.
No mês de Maio em nossa linda cidade de Baturité, dançávamos nos grandes bailes das festas das “flores”, sempre animada com uma grande orquestra da capital no BAC (Baturité atlético Clube).
Os banhos de piscina no Balneário, com águas naturais das fontes da serra, que jorravam o dia todo. Os bingos dançantes, os carnavais animados, as festas juninas, as quadrilhas e os bailes de debutantes nos finais de ano.
Quantas recordações daqueles tempos fagueiros!
Nossa vida estudantil era um brilho sem igual, nosso colégio querido Nossa Senhora Auxiliadora, nossas professoras amadas e respeitadas, vivem até hoje em nossos corações, nossos amigos de infância, (muitos já se foram); ficaram em nós as saudades de um tempo muito feliz cheio de recordações!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

CANTARES


CANTARES.
Gracinda Calado

Os cantares eram alegres alvissareiros.
Ao cair da tarde era romântico ver as andorinhas procurando os ninhos na torre para aquecer seus filhotes.
Como eram lindos os pintassilgos nos gorjeios matinais despertando os corações juvenis.
As rolinhas pulavam na grama verde à procura de sementes maduras.
No ar um gostoso mistério da natureza impulsionava as aves do quintal com seus cocoricós, avisando que puseram ovos fresquinhos e mais tarde se transformariam em lindos pintinhos, enfeitavam a paisagem sertaneja.
Momentos de grande beleza era a vida ao ar livre rodeada de encantos e de flores às margens dos caminhos por onde passavam os apreciadores da natureza.
Quando a chuva fina chegava, era como um banho que lavava a alma, com a água pura, transparente, que escorria nos corpos, tirando todas as impurezas da carne.
De repente o sol aparecia e mais luz e sinfonia de cores se manifestavam em toda a natureza inflada de beleza.
O cheiro de frutas no ar refrescava a paisagem que se apresentava gloriosa!
Flores, mil flores, desfilavam aos olhos admirados pela variedade de cores e de perfumes que tinham os roseirais.
Nos ninhos, pequenas cabeças se ‘buliam’, renascendo entre gravetos os futuros pássaros que mais tarde inquietariam os amantes do silêncio.
Os cantares da natureza, são como ecos em nossa alma, que nos acompanham em toda a nossa existência e se juntam a outros cantares que durante toda a nossa vida fizeram parte de nós e fizeram nossa história.