terça-feira, 21 de junho de 2011

A CASA DA MINHA INFÂNCIA

(Gracinda Calado

Minha casa acolhedora amiga,

Foi sacrário santo da verdade

Refúgio de uma lembrança antiga

Retrato vivo de uma cruel saudade!


Casa velha amiga da primeira dor,

Primeiro amor da minha juventude,

Espelho da minha alma adormecida

Dormem contigo recordações de amor!

 
Suas paredes fortes e seguras

Seguram o tempo com suas histórias,

Guardam segredos da felicidade

Contam vantagens, lutas e vitórias!

 
Inda que se rompam tuas paredes,

Teu chão eu sempre hei de amar.

Lembro meu quarto, meu canto da rede,

Meus pais, meu teto querido, meu lar!


 
Conta pra mim mais uma história...

Sob o teu teto já não tenho medo,

Foram-se as bruxas, os contos de fadas,

A vida me revelou todo o seu segredo!

Baturité - Ceará.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A JANELA


Gracinda Calado
Pela janela aberta de meu quarto sigo os passos do vento, sigo o brilho do sol nas pedras de calçamentos onde todos os dias passam centenas de pessoas que levam em suas bagagens as decepções de amores, os dissabores da vida, a solidão da alma, o ranço dos preconceitos e as injustiças dos homens.
Pela janela vejo a noite chegar tomando conta do poente escurecendo a rua que agora está cheia de sombras e vultos misteriosos e só se dissiparão no amanhecer de um novo dia.
Pela janela vejo o homem do povo que empurra sua carrocinha em busca de alguns trocados vendendo cachorro quente aos famintos do espírito...

Enquanto isso, mulheres mal vestidas se expõem aos olhares dos homens numa manifestação sensual exibindo seus decotes e suas saias curtas...
Através de minha janela vejo casais que desfilam tranquilamente na penumbra da noite de mãos dadas, apaixonados festejando os momentos de ternura e paixão pelo dia dos namorados. São cidadãos do mundo, futuros pais, avós...
Alguns carros passam apressados, em busca da realização do prazer no outro lado da rua, enquanto o dia não chega!
Na janela sonho com flores e músicas, lembro-me de festas e comemorações, enquanto o sono não chega para me fazer sonhar com amores e paixões!

sábado, 11 de junho de 2011

VIA SACRA

Gracinda Calado
Fiquei surpresa quando o conterrâneo, José Airles me chamou atenção por email, de um erro nas estações da via sacra da igreja matriz de Baturité, citado pelo jornalista Augustinho, carinhosamente assim o chamo, que “as ultimas estações estão trocadas”.

Em se tratando de uma cidade de uma religiosidade ímpar, como minha querida terra, de um povo católico quase a totalidade de seus habitantes, não se desculpa o erro. Obedecendo ao caminho dos últimos momentos de sofrimento de Jesus, rumo ao sacrifício do calvário, a história não pode mudar a sequência dos acontecimentos, cada fato tem o seu significado espiritual, teológico, escatológico etc.

Será que nós os filhos da terra sempre aprendemos errado “esse caminho”?

Considero grave se, os nossos representantes da igreja se descuidaram de consertar a troca das imagens.

Como formanda em Teologia pela Faculdade Católica de Fortaleza, chamo atenção ao Sr. Pároco que dedicação especial tem por essa paróquia tão atuante e participativa, que reveja o erro para que os fiéis não aprendam a caminhar com Jesus de uma forma diferente.

O povo católico de Baturité, sempre primou pela sua espiritualidade, seu compromisso com Deus e com a igreja.

Aproveito a oportunidade para elogiar os serviços de comunicação da cidade, tanto pela internet como rádio e televisão, que levam muito longe o nome de nossa querida Baturité, mostrando-lhes suas belezas e seu conceito de capital do Maciço.

As Estações da via Sacra nos ajudam a meditar, a percorrer um caminho espiritual, e compreender melhor o sofrimento de Jesus por nós.

Foi assim que aprendemos dentro das salas de aula do nosso querido colégio N. Senhora Auxiliadora, e Domingos Sávio.

Nosso apelo aos que professam a mesma doutrina, aos que freqüentam e participam dos mesmos cultos dominicais na matriz, que zelem pelo nosso patrimônio, que além de ser católico é também cultural e artístico.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

DIA MORNO EM MINHA ALMA

Gracinda Calado
Depois de uma manhã triste, sinto-me perdida em meus pensamentos...

A voz do vento suaviza a natureza deixando tudo mais claro e limpo.

Meu coração pulsa rapidamente como se quisesse parar. Foi assim o dia todo.

A tarde é morna. O calor incomoda a alma da gente.

Olho a rua, está deserta como o meu coração, deserto de emoções, de saudades... Cheio de inquietações, ao pensar que deixei para trás tudo o que não tive coragem de realizar no passado

Novos conceitos sobre a vida, sobre o amor, sobre a verdade de Deus, sobre os mistérios do universo, deixei de procurar, de pesquisar, à procura de novas fantasias, novos projetos, novas esperanças, enfim ficou a fé que me sustenta e me embala.
Ouço ao longe um canto de bem-te-vi despedindo-se do dia, enquanto minha alma chora as lembranças de minha terra querida, serpenteando as verdes serras do maciço de Baturité.

O meu coração se aquece meio as emoções e os pensamentos da infância, quando eu tinha ainda meus pais. O que foi plantado em mim, não morrerá nunca!
A tarde morre, despede-se do sol e reverencia a lua que chega calmamente esbanjando sua majestade e beleza.

Anoitece! Na rua os boêmios se encontram para o encontro habitual. Tento sentir a brisa amena e tento conversar com a lua enquanto as estrelas começam a aparecer no céu!
No céu, espero ver alguém que já partiu, alguém que muito amei.

E no encontro com o místico e o irreal, encontro alento para o meu mal!

sábado, 4 de junho de 2011

ONDE ANDARÁ O MEU AMOR?


Gracinda Calado
Uma borboleta branca pousou cansada em minha janela, ficou ali parada, linda transparente, fitava-me como se quisesse dizer alguma coisa.

Em minha mente ela entrara com toda liberdade, como se fizesse parte de mim.

Quem era aquela borboleta?
Senti-me uma borboleta que voa sem rumo para qualquer lugar.

Voei, voei, procurei o meu amor nas flores do jardim, nas águas silenciosas do lago, nas árvores frondosas da colina, na relva verde dos caminhos, nos telhados avermelhados dos casarões...
Caminhei em direção ao sol, procurei-o no reflexo do luar, no espírito das estrelas, beijei as ondas do mar, deixei-me levar pelo vento para te encontrar
Onde andará o meu amor?

Talvez se esconda em alguma estrela, ou nas pétalas de um gira sol, nas asas de um passarinho, na escuridão da noite, na luz do amanhecer...

Quem sabe, na borboleta que veio a minha janela com vontade de falar, de me ver, me chamar, para juntos voar para além do infinito céu azul!
Onde andará o meu amor, que nunca mais quis voltar?
Será que ele se esqueceu do nosso amor, o nosso pacto nupcial?

Deixou o triste adeus no vazio da solidão.