CHEIRO DE NATUREZA
Gracinda Calado
Abro a janela, sinto um vento suave que vem do mar e com ele
um cheiro e gosto de sal que invade meu paladar com sabor que conhecemos desde
a pia batismal.
A maresia aumenta a cada hora e as ondas se avolumam, e o
barulho é ouvido de longe. As nuvens estão pesadas parecem que vão cair; da
terra um cheiro puro de chuva de verão se aproxima desperta a nossa
sensibilidade interiorana, é o cheiro da mãe natureza!
Da janela emoldurada bate um vento frio e forte com cheiro de
mato e de flores...Sinto no meu rosto o
gosto da manhã fresca que anuncia um lindo dia!
Na janela ao lado, passarinhos fazem ninhos e soltam os
últimos gorjeios matutinos. Alguns pingos de chuva fina molham minha face como
se fossem lágrimas de saudades, e o meu rosto sonolento se refaz dos
pensamentos de outrora!
Continuo olhando a rua e respirando o cheiro da manhã que
invade toda cidade. O aroma do café coado se espalha pela vizinhança enquanto o
padeiro entrega o pão à domicilio. O jardineiro envolve o jornal em plástico
transparente e joga nos jardins das casas. O relógio da igreja bate as horas!
Apresso-me em tomar minha refeição matinal, depois de uma
rápida oração.
A minha janela continua sendo os meus olhos, meus ouvidos e
meu olfato.
A insônia me trouxe o dia mais lindo e com ele o sol, a luz e toda a energia do Universo!