quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

EM MEU JARDIM...



EM MEU JARDIM...


GRACINDA CALADO



EM MEU JARDIM PLANTEI LÁGRIMAS DE ESTRELAS


QUE CHORAVAM NAS CALADAS DA NOITE ESCURA.


O VÉU LUMINOSO DESCEU NA ESCURIDÃO E DERRAMOU


SOBRE A TERRA AZUL O PÓ DE ESTRELAS E COBRIU O MAR...


NO SOLO ROXO DS SAUDADES, GUARDEI AS ESTRELINHAS


QUE NASCERAM COMO PÉROLAS ORVALHADAS,


PARA ALEGRAR A MINHA PARCA VIDA!



EM MEU JARDIM COLHI BELAS E PERFUMADAS FLORES


QUE AO ANOITECER EXALAVAM MISTERIOSOS ODORES E


EMBRIAGAVAM A TERRA INTEIRA.


EM MEU JARDIM NASCERAM CRAVOS E ACÁCIAS MULTICORES,


ROSAS, PAPOULAS COLORIDAS DE LUAR E MAR,


FAZENDO-SE ESTAÇÃO DE PRIMAVERAS...


EM MEU JARDIM DE AMORES CLANDESTINOS,


PLANTEI TEU ADORADO CORAÇÃO, NO RUBRO SOLO


DAS PAIXÕES E DOS ENCANTAMENTOS,


REGUEI OS SEUS ODORES COM DELIRIOS, NAS


BROMÉLIAS E NAS HORTENCIAS MULTICOLORES...



EM MEU JARDIM NASCERAM LIRIOS DE PERFEIÇÃO


E BRANCURA, ROSAS VERMELHAS E AMARELAS,


ENTRE OS ESPINHOS E OS CARDOS DO DESTINO,


QUE NOS TRAIU, DEIXANDO MARCAS, CICATRIZES E ARRANHÕES.


EM MEU JARDIM, MORRERAM QUASE TODAS AS FLORES,


AS FANTASIAS DE LUAR E MAR, E NO CHÃO DE ESTRELAS,


NASCERAM SOLIDÕES, MELANCOLIAS, NO SOLO ARENOSO


DA ETERNA SEPARAÇÃO.

domingo, 24 de janeiro de 2010

A FLOR DO CACTUS


A FLOR DO CACTUS

Gracinda Calado

Quem disse que a rosa é a mais bela?
A flor do cactus entre todas as flores
É a mais bonita a mais faceira e mais singela.

Nasce entre espinhos, sem medo de morrer,
Sua beleza encanta até quem lhe despreza,
Respira altaneira com vontade de crescer.

Nunca se viu assim tão invejável flor,
Com ares de princesa ou de rainha,
A flor do cactus é à flor do bem e do amor.

Na sua história de perfeição real,
Outras existem que sempre a invejam,
Sua cor, sua beleza, seu perfume natural.

Flor do asfalto, das pedras e das caatingas,
O seu destino é enfeitar e perfumar
Todos os espinhos que lhe transpassam
Sem correr sangue, nem lágrima a derramar.

Eu queria ser como a flor do cactus,
Em vez de chorar a dor de espinhos,
Perfumar as lágrimas de amores.

Do livro “VIAJANDO NOS SONHOS”
AUTORIA DE : GRACINDA CALADO

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

CADEIRA VAZIA




CADEIRA VAZIA

GRACINDA CALADO

AINDA ME LEMBRO TUA CADEIRA DE BALANÇO, QUE NAS TARDES QUENTES TE EMBALAVA.
TEU CORPO CANSADO DO PESO DA IDADE RELAXAVA AO SOPRO DA ARAGEM QUE VINHA DO JARDIM. QUANTAS COISAS PELA TUA CABEÇA PASSAVAM...DERROTAS E VITÓRIAS, SINCERAS AMIZADES, AMORES QUE PERECERAM AO LONGO DE TUA JORNADA!
COMO BATIA TEU CORAÇÃO AO OUVIR UMA CANÇÃO MELODIOSA!

O POR DO SOL DEIXAVA RASTOS PELOCHÃO FAZENDO A DOCE COMPOSIÇÃO DO LUGAR.
A NOITE CHEGAVA E COM ELA A SOLIDÃO MALVADA DE DIAS IDOS E SOFRIDOS, DE ALEGRIAS DERRAMADAS PELO TEU CAMINHO, DE MIL HISTÓRIAS, MUITAS CONQUISTADAS E MUITOS SACRIFICIOS...

TEUS OLHOS NÃO BRILHAVAM MAIS, NÃO ENXERGAVAM MAIS PARA LER OS ARTIGOS DOS JORNAIS QUE TU GOSTAVAS DE LER NAS MANHÃS AMENAS EM TUA CADEIRA, FIXA NO MESMO LUGAR DE TODOS OS DIAS...
GRANDE PAI TU FOSTE EMTUAS RESPONSABILIDADES, GRANDES ATITUDES DISTRIBUISTES AOS TEUS FILHOS, ALÉM DO AMOR QUE TU DEDICAVAS.

ESTA CADEIRA HOJE ESTÁ VAZIA. VAZIA DO TEU CORPO, MAS NÃO DE TI, QUE VIVERÁS PARA SEMPRE NA MEMÓRIA DOS QUE TE AMAM.
TUA CADEIRA HOJE SE EMBALA AO SOPRO DO VENTO E DOS TEUS PENSAMENTOS QUE FICARAM GRAVADOS NELA, PARA QUE HOJE PUDÉSSEMOS TE TER SEMPRE PRESENTE.
A CADEIRA FOI TEU REFUGIO, TEU ACONCHEGO, TEU CONSOLO, QUANDO NÃO PODIAS MAIS CAMINHAR SOZINHO PELOS LUGARES QUE TU ANDAVAS, SEM DIFICULDADES...

DEIXASTE NELA IMPREGUINADOS O CHEIRO DO TEU SUOR, O CALOR DO TEU CORPO, O GOSTO DE TUAS LÁGRIMAS, AS HISTÓRIAS DO TEU PASSADO, O PESO DO TEU CAMINHAR.
TUA PRESENÇA É TÃO VERDADEIRA, COMO O SOM DA TUA VOZ FORTE AO CHAMAR POR MINHA MÃE, TUA COMPANHEIRA NAS HORAS DE SOLIDÃO E DE RECORDAÇÕES, DE ALEGRIAS E DE SOFRIMENTOS, NAS DORES E NAS ALEGRIAS DO COTIDIANO.

DESCANSEM EM PAZ, PAPAI E MAMÃE!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

CRISTAL QUEBRADO


CRISTAL QUEBRADO

Gracinda Calado

Aquele jarro que me deste no dia do noivado,
Por muitos anos com amor foi guardado
No fundo do baú do meu coração.

Cada vez que eu o olhava me lembrava
Tuas mãos trêmulas segurando aquele jarro,
Com cuidado para não cair senão se quebrava.

Assim foi teu amor que guardei na verdade,
Como cristal temperado, querido, amado,
Jóia preciosa de imensa e louca saudade!

Hoje, não tenho mais o teu GRANDE amor,
Foi como o jarro quebrado, trincado,
Sem força, caiu e... desmoronou.

Apesar do longo tempo, nada mudou,
Assim mesmo quebrado, tem valor,
Pois o jarro continua lembrar nosso amor.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

LOUVADA SEJA A TERRA QUE NOS GEROU


LOUVADA SEJA A TERRA QUE NOS GEROU!

Gracinda Calado

Louvada seja a terra que nos gerou!
Deu-nos seu sangue que corre nas veias dos rios.
Multiplicou a carne com os frutos variados,
Alimentou o corpo que nutre suas entranhas,
Sustenta a força do vento e dos vendavais.

Louvada a terra que nos dá o pão de cada dia,
Multiplicado na mesa do Senhor!
Dá-nos a seiva viva das árvores verdejantes,
A água pura cristalina das fontes,
O mar com suas riquezas infinitas.

Louvada terra dos rios caudalosos,
Do solo rico e fértil das flores,
Do céu azul com astros, e cometas,
Estrelas e planetas cintilantes harmoniosos.

Dos peixes que cortam os rios e os mares,
Das flores que enfeitam os jardins floridos.
Das aves que gorjeiam nas palmeiras.
Da aragem fresca das primaveras.

Louvada terra que é amiga da lua e do luar,
Respeita o sol e faz festa aos passarinhos!
Dos arco-íris coloridos, multicores.
Das borboletas que exibem suas cores!

A MÚSICA ME INSPIROU PENSAR NO MAR



A MÚSICA ME INSPIROU PENSAR NO MAR


Gracinda Calado


Música , divina música dos meus sonhos!


Mensageira das ilusões e dos poemas,


Música das canções do tempo de ninar,


Alento ao coração dos que só sabem amar!



Quando um barco corta as ondas frias,


E o peito chora a dor de uma separação,


O coração ouve o lamento da música do mar,


A música o transporta no silencio da embarcação!



Enquanto o barco singra as verdes ondas,


Também o coração partido sangra o peito,


A dor explode como um vulcão sem jeito!




Ó mar que traz tesouros escondidos!


Suaviza a música de suas loucas ondas frias,


e o meu peito chora a dor dos casos mais antigos!