segunda-feira, 14 de julho de 2008


TARDE MORNA
Gracinda Calado

Depois de uma manhã triste como um coração magoado, sinto-me perdida em meus pensamentos e lembranças do passado.
Tudo me incomoda nesta tarde morna em que a alma da gente perde completamente a força de viver feliz.
Olho a rua deserta, parece que não mora ninguém.
Não passa nada, nem uma pessoa, nem um cãozinho para alegrar-me.
Aos poucos minha alma chora, e um arrepio forte cobre todo meu corpo.
Ouço ao longe o som de um relógio e em seguida um sino toca na igreja.
Quantas recordações de minha terra quando eu ficava ouvindo e contando as badaladas do sino centenário, ao chamar os devotos para as orações.
A tarde é morna e meu coração é quente de emoções e de saudades!
Aos poucos a tarde morre e com ela a esperança de alegria.
Não quero ser triste nem chorar pelo que perdi um dia.
O que foi plantado em minha alma, tento arrancá-lo e sempre brota algumas folhinhas para avisar-me que a minha planta ainda está viva e precisa de cuidados.
Anoitece! Entro em desespero e logo me acalmo lendo um livro de Neruda.
Ele também sofreu de tristeza e de amor!
Tento sorrir, tento fingir que sou feliz!

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