sábado, 12 de janeiro de 2008

O BARQUINHO


O BARQUINHO
Gracinda Calado

Quando eu era pequena só gostava de desenhar barcos de papel.
Meu barquinho no faz de contas deslizava ligeiro em mares revoltos sem lugares certos pra aportar.
Pintava-os de cores muito vivas, fluorescentes, reluzentes, para que todos vissem a beleza do meu barco.
Às vezes ficava pensando em histórias de piratas que roubavam e atacavam em alto mar.
Meu barquinho tinha dois lugares reservados: o meu e o teu.
Dentro do meu barco me sentia a própria bússola no controle de seu rumo.
Às vezes me tornava capitão e toda a situação ficava em minhas mãos.
Em um canto do meu barco, navegando, eu e tu, em alto mar, e o barquinho não parava de navegar.
Um dia tudo virou verdade, acabou-se a brincadeira de barquinho.
No meu barco tu partiste de forma ligeira, sem despedida, sem bagagem, sem adeus, nem até breve.
Ficou somente a saudade de um grande amor verdadeiro.
Não sei onde foi parar meu barquinho, que levou meu barqueiro.
Dentro daquele barco ficou meu coração de marinheiro e eu aqui sem barco e sem barqueiro!

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