quinta-feira, 25 de outubro de 2007

MINHA OPINIÃO
( Gracinda Calado )

Na minha opinião, a obra de Graciliano Ramos, “Vidas Secas”, trás ao presente a situação de penúria que vive o nordestino.
Quando chove, fica feliz,sorri à toa, quando seca tudo, arranja forças para superar a solidão do deserto. Muitas vezes abandona sua terra e sai por aí em busca de vida; muda-se para algum lugar onde possa escapar da seca que destrói sua própria alma. Até os animais sofrem com a desolação da falta de água.
A cachorra baleia era testemunha da vida miserável de uma família que foge da desolação, coitada!
“Estava para morrer. Tinha emagrecido, o pêlo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo ósseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam cobertas de moscas. Fabiano ( o dono dela ) resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda. Num canto do terreiro baleia, se coçava. Espiou o dono, desconfiada saiu e foi se esconder. Fabiano atirou na miserável e o tiro pegou nas suas patas traseiras. Ela corria e chorava alto, mancando em três pés, depois em dois, arrastando-se com dificuldade.Uivava baixinho e os uivos iam diminuindo, quase imperceptíveis. Começou a arquejar. Encostou a cabecinha numa pedra e dormiu. Sonhou com preás, e com crianças brincando com ela. O mundo dela era outro.
A cachorra baleia foi para o céu dos cachorros.”
Tragicamente sentimos pena dela, pobre animal!
Esta história ficou na minha memória desde pequena, para sempre. Sinto que o dono da baleia queria antecipar o seu sofrimento, pois gostava muito dela. Ela era sua companheira de caçadas, era brinquedo dos seus filhos, e guardiã da família toda. Era um animal de estimação.
Por que a cachorra baleia teve esse fim trágico?
A culpa era da seca que castigava a todos até animais, que padeciam por causa dela.
Talvez Fabiano não tivesse intenção de matá-la, porém de um jeito ou de outro ela seria sacrificada, pois a seca devastadora lhe roeria até os ossos. Fabiano apenas apressaria sua morte.
É assim com o nordestino. Pessoas sacrificadas pela sorte, pelo destino, pela morte. A seca expulsa, castiga ou mata...O problema não é de Deus, é dos homens que fazem a nação e nada fazem pelo seu povo sofredor. Nós nordestinos somos abandonados, resignados, conformados...
Maldita seca que castiga nosso chão!

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