quarta-feira, 3 de outubro de 2007

ANJOS SEM NOME


ANJOS SEM NOME

(Gracinda Calado)


Nos últimos dias desta semana, tenho ouvido pelo rádio e assistido pelas televisões do país, notícias de mães que abandonam seus filhos, logo ao nascer.
Uma jogou o recém-nascido no riacho, outra dentro de um balde, no córrego perto de casa, outra na vala do esgoto da cidade.
Fico pensando como pode o coração de uma mãe suportar tanta crueldade; não pode ser normal se agir assim com tanta frieza e indiferença.
Que motivos tem uma mãe para se livrar de um filho, sendo ela responsável pela vida dessa criatura? Logo pensamos que é por causa da miséria de vida, falta de emprego, tanta coisa grita aos nossos ouvidos nessa hora triste.
Como mãe, penaliza-me o coração daquelas que não sabem o que fazer com a sua própria vida.
Procuro um motivo justo para tão trágico desatino dessas mulheres infelizes...
Eu que experimentei a dor da perda de um filho, aos seis meses de vida, vítima de meningite, que ao olhar aquela criança em meus braços, chorei uma noite inteira, enquanto os médicos diagnosticavam equivocadamente sua doença.
Vinte e quatro horas o abracei no colo sem deixá-lo partir.
A dor que eu sentia vinha de dentro do meu útero, parecia que meu corpo todo se estraçalhava e ardia em febre.
Na placidez e morbidez de seu rostinho sem vida, senti-me impotente sem nada poder fazer para que a vida lhe voltasse e ele pra mim voltasse também.
Chorei, não tinha mais forças pra chorar meu anjo!
Por que hoje choro ainda? Descobri que choro pelas mães miseráveis que jogam seus filhos no lixo, nos córregos, nos esgotos da cidade.
Mães tristes, infelizes, abandonadas pela família e pela sociedade, abandonadas pela própria vida. Que mundo é este que vivemos? Onde estão nossos direitos, principalmente o direito a vida que nos negam? Que bom seria se todos entendessem o que Jesus queria ,”vida em abundancia”, para todos sem distinção!
Não vamos culpar a pobreza por esses desatinos.
O que é mais provável , que a culpa é da falta de amor. O amor que Cristo pregou no Evangelho, amor sem medidas, amor puro e verdadeiro, amor de Deus!
Esses anjos não pertencem a essas mães.
São anjos sem nome, anjos sem asas, anjos azuis, são anjos do céu!

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