quarta-feira, 28 de novembro de 2007

CADEIRAS NAS CALÇADAS


CADEIRAS NAS CALÇADA S

Gracinda Calado

Todas as noites soprava o vento do Aracati. O calor era grande e na calçada todos se reuniam para tomar uma fresca na hora que o vento passava.
Ali , na calçada pessoas passavam, algumas paravam para trocar um dedo de prosa.
Não havia quem não se aproveitasse daquela situação singular, com suas cadeiras de balanço na mesma hora e local na calçada.
Vizinhos se reuniam para aproveitar o frescor nas largas calçadas da cidade.
Vendedores de picolé, de coxão de noiva, tijolim, cocada, puxa-puxa etc,
.iam e vinham vendendo seus produtos e guloseimas aos freqüentadores das calçadas.
Os assuntos que saíam nas conversas, dependiam dos acontecimentos daquele dia: quem fugiu com quem, quem casou-se com quem, fulano se separou, a filha do sr.F está no caritó, o menino do casal R, nasceu, e por ai se desenrolava até meia-noite o “converser.” Às vezes as gargalhadas ecoavam no silencio da quase madrugada, quando a conversa era engraçada.
Quem morreu, quem nasceu, todos os freqüentadores das calçadas sabiam logo, e ao,amanhecer as noticias saíam quentinhas como o pão da padaria mais próxima.
Em meia hora toda a cidade já sabia o que acontecera durante à noite.
Mesmo assim era muito divertida a vida naquela cidade!
Hoje não se pode mais sentar nas calçadas...
Todos se fecham em seus portões e obrigatoriamente vão assistir televisão.
Até quando viveremos assim, prisioneiros, dentro de nossas próprias casas!

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