sábado, 6 de setembro de 2008

DEBAIXO DAS TUAS MANGUEIRAS
Gracinda Calado

Aos domingos íamos todos passearem no sitio.
O rio Pacoti lavava suas terras e deixava-as férteis.
Nosso passeio começava na invasão das fruteiras que desafiavam nossa curiosidade.
As goiabeiras carregadinhas de frutos e de flores deixavam um perfume no ar.
As siriguelas vermelhas eram convites à loucura e o exagero as gulodices. Enfrentávamos aqueles manjares dos deuses logo de manhã, bem o sol não havia ainda esquentado a terra.
Aquele chão abençoado era mágico, para onde se olhava era um convite à sedução.
Debaixo das mangueiras fazíamos projetos e contávamos histórias mirabolantes, que só nós ainda adolescentes acreditávamos.
Aos poucos o som de algumas mangas que caiam no chão nos despertava da emoção de um bom enredo de nossas histórias. Corríamos todos para pegar aquelas frutas doces caídas do pé.
Às vezes deixávamos levar pelo fascínio do ambiente e deitávamos debaixo das frondosas árvores usufruindo suas sombras.
Sonhávamos com coisas encantadas, lugares mágicos e indescritíveis, ao mesmo tempo em que nos deixávamos levar pelas nossas emoções e chorávamos quando alguém vinha em nossa direção e nos levar de volta para casa.
Sofríamos na despedida daquelas mangueiras frondosas encantadas para todos nós.
O dia era uma primavera em flor em nossos corações juvenis.
“ À sombra de tuas mangueiras éramos muito felizes”.

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