terça-feira, 9 de setembro de 2008


A CULPA FOI DO VENTO
Gracinda Calado

Em uma noite de verão, soprava o vento sul.
A noite abriu suas asas negras como pássaro,
No leito enorme da praia, sob o céu azul,
Um corpo rolava pela areia da praia escura.

De repente um vendaval estranho cobriu tudo,
Uma nuvem de poeira cósmica caiu do céu,
Cobriu o corpo dos amantes das estrelas,
Com suas grandes asas azuis de cristal.

O ronco do vento passou como um tufão,
Arrastando tudo em sua frente para o mar,
Sem pedir licença, sem aviso e sem perdão,
Na calada da noite escura de sonhar.

Do mar saíram grandes dragões e sereias
A força do vento não parava de crescer,
E a noite foi ficando cada vez mais perigosa,
E o mar venceu seu casamento com as areias.

A culpa foi do vento que não esperou o amor,
Correr atrás de quem só geme a dor e chora
A dor de ser sozinho no turbilhão da noite escura
Com medo da maldição da noite escura, se apavora.

A culpa foi do vento que chegou como vendaval,
Não ficaram praia, nem areias brancas reluzentes;
O céu tomou seu rumo, foi ao encontro das estrelas,
O mar sumiu com suas lindas ondas de cristal.

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