domingo, 25 de maio de 2008


O ESPELHO
Gracinda Calado

‘Espelho, espelho meu, haverá alguém mais triste do que eu?’

Todos os dias tento olhar em seus olhos.
As mudanças são imensas, fico pensando,
Que o tempo passou e me esqueceu.

As sombras do passado castigam minha visão,
Mostram-me que o tempo passou depressa,
E o espelho continua a castigar meu coração.

Os momentos face a face com ele mostram-me a verdade,
A fantasia enganadora de um tempo que passou.
Onde ficaram minhas faces rubras e as linhas fiéis da mocidade?

Olho para o espelho e choro o tempo que a vida me enganou.
Choro olhando em seus olhos o tempo que passou.

No espelho, face a face, meu rosto revelado,
Estão a minha história e as minhas fantasias.

Meus cabelos, fios reluzentes, marcas de um tempo venturoso,
Os ondulados cachos se perderam nas estradas da existência.

Belos tempos de primaveras e de felicidades,
Velhos tempos de prazeres e amenidades.

Hoje vivo a olhar o meu espelho, meu fiel companheiro.
Só ele diz a verdade pra mim, só ele é sincero.

Nenhum comentário:

Postar um comentário