quinta-feira, 23 de agosto de 2007

A DESPEDIDA


A DESPEDIDA
( Gracinda Calado)



Hoje me aconteceu um fato inédito, enquanto eu me preocupava com negócios e transações comerciais. Envolvida que estava na venda de uma casa de praia fui ao local para entregá-la ao novo dono. Depois de tratar do negócio feito, procurei meu antigo caseiro para fechar a conta dos seus serviços e me surpreendi.
Preenchi o cheque de pagamento entreguei-o e agradeci pelos seus trabalhos durante os dez anos que me dedicou. O homem baixou a cabeça, não olhou o valor do cheque, enquanto isto começou a soluçar, chorava copiosamente, enquanto eu lhe falava dos seus méritos profissionais. Quanto mais eu o elogiava mais ele chorava. Não pude me conter então caí em prantos e senti que algo eu estava perdendo de verdadeiro, a amizade sincera daquela pessoa simples,mas cheia de amor, reconhecimento por tudo que eu fizera a ele e sua família.Qual foi minha surpresa quando juntos chorávamos ele desabafava dizendo que iria sentir muito minha falta. Ele sabia que eu gostava muito do meu jardim, das minhas flores, da grama que enfeitava aquele chão, e dos cuidados que eu sempre dediquei àquele pedaço de natureza. Levantou os olhos avermelhados de chorar e disse: “Cuidarei sempre das suas plantas pois a senhora me ensinou que elas ouvem e sentem quando a gente fala com elas.”Despedimo-nos muito comovidos e ele fez-me um convite: “Quando quiser venha aqui estarei sempre às suas ordens.Pode me procurar sempre , a senhora foi a melhor patroa que eu já tive.” Um pouco mais distante várias amigos e familiares observavam a nossa conversa e admirados estavam da sinceridade daquele homem simples que não se fechou em seus sentimentos e desabafou em lágrimas o seu agradecimento e a sua gratidão.
Aquele homem me ensinou hoje uma bela lição.Obrigada Edson!

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