quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

MIRAGEM E POESIA


MIRAGEM E POESIA
Gracinda Calado

Parece sonho, miragem, poesia!
Ouço uma música ao longe, muito suave como toque angelical.
O perfume das flores explode no ar e no silêncio a eterna magia da noite escura.
Um vulto aparece no meio das brumas que deslizam na escuridão, e como um viajante o vulto procura um lugar para pousar.

A coruja soltou seu ultimo pio sobre as árvores sombrias.
A penumbra e a luz fosca da lua nas folhagens formam vultos indescritíveis, sem formas.
Por cima dos morros de areia branca da praia desfilam os animais noturnos em busca de suas tocas para dormir.
Na praia as rendas das ondas mansas se desfazem na grande extensão da orla e o cheiro de maresia se espalha no ar.

Sinto o gosto do sal em meus lábios sedentos de beijos.
Onde andará meu grande amor!
Tudo aqui me lembra de alguém saudades...
Que lugar misterioso é este em que o céu parece ouvir o meu clamor?

A poesia da noite me persegue em versos lânguidos e tristes como o meu coração.
O murmúrio do mar confirma a solidão da música melodiosa.
O vento passa ligeiro para avisar que a madrugada está chegando.
Uma vela branca aponta no horizonte e dentro dela um jangadeiro
que procura no mar seu sonho de pescador.

Onde está o meu amor que não vem com o vento da madrugada?
A noite é de espera e de fantasia em meio a versos e poesias.
A miragem já se transformou em sonho e pesadelo.
O meu amor não chegou! O meu amor não vai voltar!

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