quarta-feira, 18 de março de 2009

MORRE CLODOVIL


MORRE CLODOVIL
Gracinda Calado

Fui surpreendida pela notícia da morte de Clodovil Hernandes.
O Brasil inteiro conhece Clodovil como pessoa de temperamento forte, corajoso, não tem medo de dizer a verdade ou denunciar algo ou alguém.
Particularmente para mim, ele era único.
Inteligente, fino, culto, falava francês e inglês muito bem, estudou na Suíça em colégio interno e de lá trouxe o ranço da revolta, do imediatismo; sem convivência familiar, amargurou os dias de internato sozinho como um carneirinho rejeitado, enquanto não lhe faltava roupas finas italianas, sapatos franceses, camisas americanas, bons perfumes e mais alguma coisa que faz jus ao luxo de um rapaz rico estudando na Europa.
Descobriu o talento de desenhar, falar bem em público, bom vocabulário, linguagem invejável entre os que faziam o seu meio social.
Clodovil foi um dos maiores comunicadores do país, fui sua espectadora e admiradora pela facilidade que ele tinha de comunicar a todos e a todas as camadas sociais com sua criatividade na arte, na pintura, no desenho, na alta costura, até na culinária apresentada em seus programas. Como estilista era inimitável.
Pecou socialmente para muitos por ter se definido homossexual, coisa que não dava para esconder nem ser hipócrita negar para todos os seus admiradores e admiradoras que eram muitas. A sinceridade e a confiança que ele tinha nas pessoas que o amavam eram grandes e por isso o respeitavam.
Clodovil disse nunca ter tido uma grande paixão, ter amado muito, porém muitos o amavam mesmo de longe pelo seu carisma e pelo homem que era de verdade no seu interior; respeitava as mulheres principalmente as mais idosas e as crianças.
Deixa-nos um legado de sabedoria gravado nos programas de TV que ele participou durante décadas. Também na sua arte, e finalmente na Câmara dos deputados onde foi eleito como um dos mais votados deputados de São Paulo.
Obrigada Clodovil Hernandes!

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