quinta-feira, 27 de setembro de 2007

CORAÇÃO PRETO E BRANCO


CORAÇÃO PRETO E BRANCO

( Gracinda Calado )

Todos os dias a mesma coisa, as mesmas histórias, repetidas como que , para lembrá-las.

Todos os dias são dias cinzentos, quase sem luz; para o velho que só vê preto e branco. .
É como um filme dos anos 30, onde as imagens se misturam, se borram no processo de desenvolvimento.
São imagens chamuscadas, apagadas sem expressão.
Ricas lembranças, pobres retratos, imagens já sem cores, desbotadas, porém vividas com muita emoção!
Pobre velho, ombros caídos, andar cauteloso, fala macia, quase inaudível.
Olhos cansados, apagados, tristes de tantos dissabores, de tantos amores destruídos, esmagados pelo chão!
Suas lembranças são jóias preciosas de se ouvir!
Suas lições de vida são verdadeiras filosofias, de experiências, são melodias que durante uma vida inteira ele cantou!
Pobre velho, abatido pelo tempo que passou!
Rico velho pelo tempo que amou!
Seu passado, bem distante, escreve tristes recordações de amores!
Amores idos e vividos como paixões de uma primeira vez.
Seu coração, acelerado, bate mais forte embriagado nas recordações.
Querido velho, hoje é seu dia, devo dizer-lhe que durante toda a sua vida não foi o “velho” mas um anjo que passou em nossas vidas, curando as feridas dos nossos corações, com sua sabedoria, sua magia, sua sabedoria!
Beijo suas mãos agora e lhe abraço para que sinta que aí dentro do seu e do meu peito ainda pulsam dois corações!

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