terça-feira, 15 de abril de 2008

QUANDO CHORO...


QUANDO CHORO...
Gracinda Calado


Choro quando sinto saudades de alguém.
Quando em meu peito sangra uma paixão.
Ao ver uma criança perdida na escuridão da fome, e seus braços esqueléticos não sustentam um pão.
Choro ao te ver partir sem adeus, sentindo que um dia fui feliz contigo.
Choro pela mãe que perdeu seu filho, como eu perdi o meu.

Choro em noites tristes de inverno quando o sono me rouba a cena do dia.
Choro na angústia de uma mulher, ao ver seu corpo ferido pela barbárie de seu amor.
Choro nas madrugadas serenas de decisões.
Choro pelos corações partidos, incompreendidos, maltratados e desesperados.

Meu choro é maior nas misérias das favelas, nas calçadas das noites vadias do pecado, nos casebres de plásticos e papelões, nas tendas desconfortáveis onde uma criança se prepara para nascer sem nome.
Ò Deus como chora meu coração, ao saber que uma criança foi jogada no lixo ou nos esgotos da cidade! Piedade Senhor!
Calai o pranto e as dores de todas as mães miseráveis sem esperanças e sem futuro promissor.

Meu coração chora pela ingratidão dos irmãos que não ajudam a matar a fome dos pequeninos...
Choro pela ingratidão dos homens do poder, que não olham para os pobres oprimidos, excluídos e desesperados.
Choro pelos anciãos, pobres velhinhos, doentes, desprezados pelos seus próprios filhos, nos abrigos das cidades.

Choro pelos filhos da Amazônia, índios, caboclos, mamelucos, homens, desbravadores, sem assistência, sem educação, sem nada, só sua fé lhes salvará e curará suas feridas.
Ò Senhor até quando choraremos?
Tende piedade, Deus de misericórdia!

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