SEPARAÇÃO
Gracinda Calado
Quando te deixei, naquele cantinho cheio de verde e de rosas,
Sangrava-me o coração e as lágrimas que rolavam no meu rosto
Eram sangue rubro da cor da rosa rubra que tu me deste.
Abençoado era o nosso amor, entre as palmeiras e os vendavais do sitio.
Ainda ouço o cantar do galo que nos acordava na madrugada fria,
Entre os cobertores e uma xícara de café forte.
Quando te deixei naquele dia, nunca o meu coração bateu tanto...
Com uma vontade de ir e de ficar, mesmo querendo e sem querer.
Lembro-me do perfume das rosas e dos jasmins alvos como algodão,
A grande pitombeira onde ficávamos pelas manhãs de outono, e
O vento varria tudo e deixava a árvore sem folhas e coberta de frutinhas.
Quantas vezes conversamos debaixo das lindas mangueiras, cobertas
De flores e de frutos ainda verdes esperando à hora de cair.
Noites de céu estrelado e luar cintilante, cobriam nossas cabeças
De paz e amor imenso, como se o céu descesse para nos unir ainda mais!
Quando me deixaste naquele dia chorei ao me despedir de ti,
Como se soubesse que não mais te encontraria, e os meus olhos
Não sentiriam mais o calor do teu olhar no meu,
Naquele dia em que sofri e chorei demais.
Se soubesse que não voltarias, não havia te deixado partir!
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