terça-feira, 8 de setembro de 2009

ENQUANTO O SOL NÃO CHEGA!



ENQUANTO O SOL NÃO CHEGA!


Gracinda Calado


Pessoas transitam pelas ruas e pelos becos, enquanto outros conspiram.


Mulheres perambulam pelas calçadas e esquinas escuras à procura do mísero ganha pão.


Corpos desnudos, rostos pintados, lábios escarlates, peito aberto ao vento, consomem o vício da noite e da morte, pelo prazer do sexo.


Homens maduros, sustentam a miséria da alma e o inferno do coração. Pais de família gastam seus parcos salários na boemia da noite.


Enquanto o sol não vem, nos leitos dos hospitais, doentes gemem suas dores do corpo, na esperança da cura e da salvação.


Nos mosteiros, os homens de Deus prostram os joelhos em oração pela salvação dos pecadores.


No colo de uma mãe aflita, o choro sentido do filho com fome e com sede, aumenta o clamor de seus pais.


São altas horas da madrugada. Bêbados caminham em passos largos à procura de suas casas sem saberem o seu rumo.O risco é de morte e de vida.


Nas casas de shows e de jogos, dezenas de pessoas gastam e perdem seu dinheiro nas mesas de cartas e roletas.


Enquanto o sol não chega, lágrimas rolam de emoção e saudades no coração de um casal apaixonado ao ouvir uma música romântica que vem de longe na madrugada que se finda.


No caminho de volta para casa, abre-se uma tímida claridade e pequenos jatos de luz anunciam que o sol já vem.


A natureza ainda parece morta e triste nos últimos acordes de violão chorão.


O vazio das pessoas estende-se por toda a cidade enquanto o sol não chega para alegrar a vida.

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