sexta-feira, 17 de setembro de 2010

AOS SETENTA ANOS

Aos setenta anos

Gracinda Calado

Envelheço e não me dou conta disso, pois me firmo em minhas ações presentes e não esqueço o meu passado nem minhas lindas lembranças da mocidade. Sei que não nos transformamos porque envelhecemos, mas porque amadurecemos. Às vezes sinto medo e solidão, mas logo encontro mão amiga, colo quente e braços que me enlaçam com calor.

Envelheço e dou asas à imaginação futura que dorme calmamente em meu espírito jovem. Renovo pactos de amizades comigo mesma, com os outros e com a natureza.

Envelheço e dentro do meu coração ainda pulsa o amor que faz a vida mais bela a cada dia. Para o ódio e as tristezas não deixo espaço no meu coração. Aprendi com a vida somar e multiplicar, nunca diminuir. Cumpro o ritual da vida em harmonia comigo mesma e com meu Criador, que me dá forças para caminhar com os pés no chão, de mãos dadas com a sabedoria.

Envelheço, e na minha caminhada encontro algumas barreiras e as afasto do caminho para ver melhor as flores, os pássaros e a natureza bela. O sol  que ainda brilha para mim;  sinto o orvalho da noite e vejo a luz do luar com o mesmo brilho que eu via na mocidade!

Envelheço, olhando no espelho minhas poucas rugas e meus cabelos grisalhos, me sinto bonita sem pensar na morte como fim de tudo, como a ultima estação aqui na terra, mas como o começo de tudo que foi preparado para mim.

Envelheço e vivo como as borboletas, sem a preocupação com o fim, pois elas deixam o casulo e se transformam em lindos e coloridos bichinhos!

Envelheço e agradeço a Deus por ter me poupado todo esse tempo, suficiente para fazer meus filhos e netos felizes e muito amados!

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