domingo, 4 de outubro de 2009

A NATUREZA CHORA SILENCIOSAMENTE


A natureza chora silenciosamente

Gracinda Calado

Aonde eram flores, rosas e chorões,
Hoje plantas daninhas, lodos e musgos.
Nas encostas verdejantes, tapetes de avencas,
Hoje plantas selvagens nascidas nos grotões.

Os rios já não correm mais com tanta coragem,
Os pássaros já não cantam mais suas canções,
Tudo perdeu o sabor e a cor, não há aragem,
Só sequidão, devastação, no coração da serra.

O orvalho da manhã cai preguiçosamente
Das pétalas das rosas em extinção secreta.
Não se ouve no telhado o canto da cotovia,
Partiu sem dizer nenhum adeus saudosamente.

A natureza chora o silencio da escuridão da mata,
Ninguém ouve seu soluçar de agonia e dor.
Suas lágrimas caem como a seiva das plantinhas,
Que morrem ao calor do sol que lhes maltrata.

O rio corre sempre lentamente todo ano,
Como um velho caminhando em ziguezague,
Roubaram-lhe as forças de seguir andando,
Rumo ao destino puro e natural do oceano.

O vento agora passa ligeiro como quem domina
a vida, cheia de verdes e amarelos caules,
Devasta tudo de maneira atrevida e pequenina,
nos rincões da serra, da cidade e dos sertões.

Como era linda a natureza em festa e cor,
Quando os pardais faziam belos festivais,
Todos cantavam para agradecer a vida,
Nas manhãs de lindos e dourados matinais.

Um dia choraremos a falta do verde e da campina,
Da luz do luar, do canto do galo e do rouxinol,
Da água caindo em dias de chuva na colina,
Do verde do mar, do canto dos pássaros e do arrebol.

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