sexta-feira, 1 de maio de 2009

FOLHAS AO VENTO


FOLHAS AO VENTO
Gracinda Calado

As folhas caem e o chão vermelho se enfeita de cores.
As folhas secas da estação são levadas pelos ventos do norte e empurradas para além das correntes de ares.
O vento quente sopra primeiro, sufoca a mente enegrecida pelas cinzas da paisagem.
Tudo morre tudo expira, nem uma flor sobrou para enfeitar a morte.
A ultima esperança chega ao bico de uma avezinha.
Um broto de ramo verde trás a esperança, como Noé na embarcação do Gênesis.

O céu cobre-se de nuvens espessas, se espalham ao longe levadas pelos ventos quentes rumo ao mar.
Outono na natureza é tristeza no universo. É como se a vida se esvai, seguindo o rumo dos ventos sozinha, triste e solitária.
Outono em nossa vida são cabelos brancos desbotados. Rostos amassados no espelho do meu quarto na estação da natureza.
Passos lentos, olhares distantes como quem procura algo na amplidão dos céus.
O outono chega a nossas vidas como as folhas carregadas pelos ventos da estação ou trazidas pelas correntes de outros ares.
Passa ligeira a vida como as folhas soltas no ar sem rumo, e as esperanças como lânguidos olhares de um fim de estação.
A vida espera a paz para sentir o gosto de recomeçar.
Enquanto há vida há esperança no lugar!

Nenhum comentário:

Postar um comentário