quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

MEMÓRIAS DA MINHA TERRA(Cine Odeon)

MEMÓRIAS DA MINHA TERRA(Cine Odeon)
Gracinda Calado

Que prazer em ler e reler o livro: “O CEARÁ SEMPRE ESCUTARÁ”, do conterrâneo Dr. Almir Gomes Castro, quando ele fala das coisas engraçadas dos anos sessenta em Baturité.

Lembro-me bem do cine Odeon que ficava em uma pequena travessa e gozava de maior movimento da cidade. Ri ao lembrar-me dos filmes antigos, dos clássicos do cinema que ficávamos até quase meia noite esperando que o Sr Rubéns consertasse a fita por várias vezes a fim de concluir o enredo do filme.

Certa vez pedi ao nosso pai, eu e minha irmã Tarcilia, pai severo e disciplinado com a rigidez de quartel, para irmos ao cinema, pois não queríamos perder aquele filme que era comentado na cidade como ‘um espetáculo’; ele, papai marcou a hora para nossa chegada, 10horas. O filme quebrou a fita tantas vezes que quando olhamos para o relógio era precisamente meia noite!

Para nossa surpresa, com as sandálias nas mãos e não nos pés, entramos devagarzinho para não fazer barulho, papai pigarreou e disse: “isto é hora de chegar de um filme?” Quase caí para trás. Minha irmã tremia como vara verde. Papai nos chamou atenção dizendo : “Amanhã conversaremos a respeito desse filme”.

Dia seguinte ficamos mais um pouco na cama, vestimos várias anáguas que era uso da moda, para que, se ele ousasse usar o cinturão já estávamos prevenidas.

Nossas pernas tremiam e falamos com papai para pedir-lhe a bênção durante o café da manhã.

Ele olhava para mim dizendo :”O que houve no cinema”? Criei coragem e disse “a fita quebrou-se 10 vezes. Ele parecia não acreditar, continuei a contar alguma coisa como o enredo do filme, o nome dos artistas, as pessoas que estavam na plateia etc.

Minha irmã não abria a boca e papai insistia: E você o que diz disso? Ela tremendo respondeu: ”Didi já disse tudo”. Finalmente ele recomendou que se na próxima vez a fita quebrasse, devíamos sair e vir embora, caso contrario não deixaria mais a gente ir para um pulgueiro onde tinha o nome de cine Odeon.

Escapamos e depois de tudo só risos e risos...

Obrigada pelo presente desse livro, meu amigo e primo João Mascarenhas da Rocha!

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