segunda-feira, 23 de julho de 2007

UMA VIAGEM DE TREM


UMA VIAGEM DE TREM

Por que corres tanto Maria-fumaça?
Era o nome da grande máquina do trem que nos levava de Baturité a Fortaleza. O povo da cidade se familiarizou com ela e lhe apelidou de Laura 400, o número da máquina. Toda população só queria andar na Laura 400.Quando o trem parava era uma festa: frutas, bananas secas, cajarana, uvas pretas de boa qualidade, bolos, tapiocas,maria-maluca, tijolim,pupunhas da serra,alfenins, batidas de rapadura, enfim uma infinidade de comidas além do mel e do caldo de cana. Quando o trem chegava às 9:00, saíamos matando aulas do colégio Auxiliadora, para esperar o trem que passava para o Crato. Que tempo bom aquele!
Aos domingos saía um trem especial de Baturité à Fortaleza.
Lá íamos nós, saboreando aquele ar puro e perfumado de flores e em cada estação o trem parava para abastecer.O contato com a natureza enchia nossos pulmões de puro oxigênio, enquanto uma leve brisa alisava nossos cabelos. Não tínhamos medo de nada, não tinha violência, nem ladrões roubando a mão armada.
Lá vai a Maria fumaça... minha doce e querida Laura 400, descendo a ladeira do Itapay, fazendo curvas perigosas nas encostas da serra do mesmo nome!
Durante a viagem, lá vem o condutor “ tricotando” os bilhetes de passagens, que muitas vezes perdíamos no caminho de tão empolgados que estávamos com a viagem.
O nosso pensamento viajava nas ondas da música da máquina à vapor: café-com-pão, café-com- pão, café com pão, e íamos nós com nosso coração a bater aceleradamente rumo aos nossos sonhos, rumo às nossas fantasias, deixando para trás as saudades daquele dia!

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