quarta-feira, 10 de julho de 2013

A COR MARROM

Gracinda Calado

Que seria do branco se não fosse o marrom com suas nuances claras e escuras trazidas pelo calor e a luz do sol!

Nos desertos as cordilheiras de areias de tonalidades variadas de marrom se misturam ao branco da areia e ao ouro do sol.

Nas grandes matas tropicais e florestas densas, animais de grandes portes de pele escura ou plumagens cor da terra desfilam suas belezas à luz do solstício confundem-se com plantas que nos dão seus frutos deliciosos.

O chocolate que consumimos extraídos do cacau, alimento exótico, sensual da cor de nossa pele morena.

No solo forte onde tiramos o barro escuro, jorra água límpida que mata a sede e serve de alimento para revigorar as energias perdidas e vitalizar nossas células.

No chão, folhas secas caídas ao solo voam ao sopro do vento, exibem o seu brilho natural e mais tarde se transformam em adubo para alimentar as plantas que nos dão seus frutos.

A pele macia e sedosa das mulatas que causa inveja a muitos estrangeiros, cuja mistura de raça, herança de nossos ancestrais originou a nossa cor. Nos músculos fortes e rígidos dos mulatos o cenário emoldurado dos trabalhadores da negra etnia de nossa brasilidade.

As árvores que exalam perfumes de suas flores escuras, sucos e chás nos servem de remédio e calmante como a ‘canela’, planta trazida da África para nossa flora tropical. Além de tudo as árvores que nos dão seus caules marrons de todos os tons, servem na fabricação dos móveis e de construção de casas e fortes habitações.

A cor marrom, da cor da terra que pisamos e dela tiramos o nosso sustento, um dia servirá de sepultura e guardará para sempre nossos corpos.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

CORAÇÃO PARTIDO

GRACINDA CALADO

EM UMA TARDE DE DOMINGO, ALGUÉM CHORAVA.
SEU PEITO CONVULSIVAMENTE ESTREMECIA,
O CHORO EMBARGAVA SUA VISTA E SUA ALMA,
SEU CORAÇÃO FERIDO EM LÁGRIMAS SE AFOGAVA!
TÃO GRANDE ERA A DOR NO PEITO QUE GRITAVA,
A SEPARAÇÃO DE UM TRISTE CORAÇÃO PARTIDO
DE JOELHOS SE AGITAVA E LOUCAMENTE ELA MORRIA,
DE AMOR INGRATO, MAL RECONHECIDO E ATORMENTADO!
SEU SANGUE CORRE EM SUAS VEIAS COMO UM RIO ESTREITO,
SUAS MÃOS SUADAS SUA TEZ MORENA EMPALIDECIA,
SEU CORPO MAGRO DEFINHAVA, NA FRIGIDEZ DO PEITO.
QUE DOR É ESSA QUE MALTRATA E ACABA ATÉ A MORTE?
QUE AMOR É ESSE QUE DESTRÓI O SENSO DE VIVER?
QUE CORAÇÃO É ESSE QUE NÃO SENTE O QUE É MORRER?
QUE MORRE AOS POUCOS PENSANDO QUE É VIVER?

sexta-feira, 28 de junho de 2013

O ENCONTRO DE LUZ!


Gracinda Calado

Sabes por que te encontrei?
Porque tu estavas no meu caminho, ou eu estava no teu.
De repente nos encontramos e foi aí que tudo aconteceu:
Fiz parte da tua vida e tu fizeste parte da minha.
Estava escrito nas estrelas e em todos os planetas do céu!
O sol nos iluminou, as estrelas nos abençoaram,
A lua mandou beijos para nós!
Agora tu não podes mais fugir de mim nem eu de ti!
Tu és minha metade, minha vida, minha esperança,
Sem ti nada tem sentido, nada acontece, nada tem cor nem sabor.
Para esta união acontecer não é preciso estás bem perto de mim,
Pois de longe, na poeira das estrelas, ou no fundo mar, tu estarás sempre!
Em minha vida, na minha alma e em meu coração!

sexta-feira, 21 de junho de 2013

A MORTE DO POETA

GRACINDA CALADO

QUANDO SE CALAREM OS PÁSSAROS E O SOL MORRER.
SOMENTE O SOM DO ABISMO SE DEFINIRÁ EM FANTASIA.
SEUS OUVIDOS ESCUTARÃO O SOM DO UNIVERSO E O ECO DOS LAMENTOS,
O SOM DA NOITE CALARÁ A SUA VOZ DOLENTE,
SEU CORPO CAIRÁ POR TERRA AQUECIDO PELAS LÁGRIMAS QUENTES.
OS SEUS POEMAS NÃO MORRERÃO,
PERPETUAR-SE-ÃO COMO AS ESTRELAS LUZENTES.
MORRE O POETA, PORÉM NÃO MORRERÁ SUA CANÇÃO, SUA POESIA.
SEUS VERSOS SE PERPETUARÃO NAS VOZES DOS IMORTAIS,
QUANDO TUDO SE CALAR, SE CALARÃO O VENTO E O MAR.
O SOM DO ABISMO SE OUVIRÁ NA LÁPIDE FRIA.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

CHEGADAS E PARTIDAS

Gracinda Calado


De repente na estação. Todos os olhos demonstram um medo ou ansiedade. As pessoas andam para lá e para cá, não se cumprimentam, não falam, ficam pensativas, olhares distantes reflexivos...

Nos bancos da estação a espera corroí o peito enquanto esperam e de “olho” no relógio suam as mãos e os pés.

Em cada coração pulsa uma saudade, dos que se vão, ou dos que ficam com vontade de partir também. Por um momento fleches de alegria invadem a passarela da estação como se o trem se aproximasse para acabar de vez com a angustia dos que ficam e aliviar a dor e a saudade dos que partem.

Choros e lágrimas calidamente escorrem nos rostos pálidos de algumas pessoas que partirão para nunca mais voltarem. Deixam atrás momentos de amores que passaram e nos desencontros de primaveras não souberam fechar o enredo de sua história. Os últimos momentos são eternos e delirantes na incerteza de não saberem o que o destino espera para acontecer.

Casais de namorados despedem-se com beijos e abraços, como se fossem os últimos de suas vidas. Enquanto isso o trem apita na curva do caminho avisando a chegada e em breve apitará avisando a partida.

O sino toca, depois de alguns minutos de pausa para as despedidas. Poucos são os minutos que correm rápidos separando os pares na estação. Todos tomam seus lugares. O trem começa a sair vagarosamente e os acenos se encontram na despedida louca de um adeus!

O que restou de tudo foram momentos que se foram com os que partiram, e a estação está deserta, calada, vazia, pois todos já seguiram seu destino. Os que ficaram saem sorrateiramente ainda enxugando as lágrimas derramadas nas saudades.

sábado, 1 de junho de 2013

FIM DE TARDE

GRACINDA CALADO

Enquanto o sol declina, nos corações um fogo arde em chamas.

A luz que banha a terra reflete a sombra de nossas almas. O cheiro de terra passa rasteiro em nosso olfato como sinal do ultimo momento de luz!

Uma tristeza envolve a mente cansada dos afazeres do cotidiano, à espera da noite que chega espalhando seu manto negro sobre a terra inteira.

Não se vê mais as lindas paisagens, nem as cores luminosas do universo, dos raios do sol, prazer da vida, alegria dos viventes e dos vegetais.

Assim também é a nossa vida, cheia de nascentes e de poentes, alegrias e tristezas, satisfações, decepções, ingratidões, principalmente daqueles que mais amamos e confiamos.

Como suportar a dor se o sol não vem para iluminar nossa alma e fortalecer nossa ilusão? Como suportar nossos momentos de angustia longe da paz que esperamos tanto?

Somente Deus sabe a intenção da sua criação, deu à noite a lua e as estrelas para amenizar a escuridão! Deu ao sol o calor para aplacar o frio da discórdia e da insensatez sobre a terra!

Fim de tarde no horizonte a luz que brilhava tanto, vai morrendo aos poucos, como a morte de um guerreiro dando lugar ao silencio, como ultimo dia de vida , enquanto dorme o planeta azul.

Resta agora a esperança de um novo dia ou morreremos de tristeza e dor enquanto o dia não nasce outra vez!

A esperança renasce na alma e o dia nasce como um mistério santo sobre as bênçãos de Deus!

sexta-feira, 31 de maio de 2013

TARCILIA CALADO, DOIS ANOS DE VIDA ETERNA!

GRACINDA CALADO

Como o entardecer que declina sua luz ao fim do dia, ela fechou os olhos para não ver as sombras que perseguiam sua vitalidade, arrastando um pouco do que restava de sua energia e vida.

Como as borboletas que se contorcem no casulo ao fim da tarde morna, ela esperava o anoitecer para abrir suas asas brancas e voar para a luz.

Nossa querida irmã, que tanto amávamos! Não tivemos tempo de lhe falar, nem experimentar a doce hora de dizer que a amamos, pois não imaginávamos que a hora derradeira já chegara inesperadamente, mais que de repente, nos deixando com a alma em pranto e o coração em explosão de dores pela sua partida para o céu.

Custamos acreditar que viveríamos sem ela, nossa companheira e amiga de todas as horas! Durante esses dias de sua partida, mais parece uma eternidade para nós.

O céu é testemunha do nosso pesar, das nossas inquietações e de nossa dor ao vê-la partir sem um adeus. O luto de nossa alma reveste-se de pranto e ao mesmo tempo nos consola, acreditar que sua vida é eterna na morada dos anjos junto a Deus!

Bendita mãe que nos gerou no amor e que nos deu as mais lindas lições de fé na Eucaristia e no Evangelho de Jesus, que ressuscitará os mortos e dar-lhes-á a vida eterna na glória de Deus Pai!

Jamais esqueceremos, seu espírito alegre e brincalhão, mesmo nos momentos em que lhe roubava a paciência; a vida era sempre uma festa enfeitada de sorrisos, alegria e disponibilidade para servir, com carinho e dedicação. Como um milagre sua harmonia se equilibrava nas brincadeiras e vencia sempre o bom humor que adornava e enchia a sua vida de felicidade!

Estamos no vazio das suas brincadeiras, da sua alegria, da sua simplicidade e do seu amor. Quantos planos desfeitos! Mas o chamado de Deus gritou mais forte, quis Ele que ela ficasse ao seu lado para saborear das benesses do céu.

Que seja o céu o seu limite e para lá encaminharemos as nossas orações para que amenizem um pouco nossa saudade e a nossa dor pois viveremos agora sem a sua presença, sem o seu amor; Que a nossa saudade seja um modo de dizer adeus, e lembrar que sempre o seu sorriso jamais se apagará de nossos corações!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

A NATUREZA CHORA SILENCIOSAMENTE!

Gracinda Calado
Onde eram flores, rosas e chorões,
Hoje são plantas daninhas, lodos e musgos...
Nas encostas verdejantes, tapetes de avencas,
Hoje, plantas selvagens nascidas nos grotões!
Os rios já não correm mais com tanta coragem,
Os pássaros já não cantam mais suas canções,
Tudo perdeu o sabor e a cor, não há aragem,
Só sequidão, devastação no coração da serra!
O orvalho da manhã cai preguiçosamente
Das pétalas das rosas em extinção secreta.
Não se ouve no telhado o canto da cotovia,
Partiu sem dizer nenhum adeus saudosamente!
A natureza chora o silencio da escuridão da mata,
Ninguém ouve o seu soluço de agonia e dor.
Suas lágrimas caem tal a seiva das plantinhas,
Que morrem ao calor do sol que lhes maltrata!
O rio corre sempre lentamente todo ano,
Como um velho caminhando em ziguezague.
Roubaram-lhe as forças de seguir andando,
Rumo ao destino puro e natural do oceano!
O vento agora passa ligeiro como quem domina
A vida, cheia de verdes e amarelos caules,
Devasta tudo de maneira atrevida e pequenina,
Nos ricões da serra, nas cidades e nos sertões.
Como era linda a natureza em festa e cor!
Quando os pardais faziam belos festivais,
Todos cantavam para agradecer a vida,
Nas manhãs de lindos e dourados matinais!
Um dia choraremos a falta do verde e da campina,
Da luz do luar, do canto do galo e do rouxinol,
Da água caindo em dias de chuva na colina,
Do verde do mar, do canto dos pássaros e do arrebol!

SOLIDÃO...

GRACINDA CALADO

SOLIDÃO É UMA ILHA MUITO ESCURA,
RODEADA DE ESPINHOS E DE PEDRAS,
SEMPRE BANHADA PELA ÁGUA DA COLINA,
E EMBALADA PELO VENTO MUITO FORTE.


SOLIDÃO É UM TURBILHÃO DE CORES DESMAIADAS,
ÀS VEZES PESADELOS DESVAIRADOS, LOUCOS,
CONFUSÕES DA MINHA MENTE EMPOBRECIDA
TREMORES E HORRORES, GRITOS PERMANENTES.

SOLIDÃO É UM BARCO EM NOITE MUITO ESCURA,
UM NÓ NA ALMA E NA GARGANTA, APERTADO,
NUNCA SE SABE O QUE SE QUER, OU NÃO SE QUER,
UMA TRISTEZA, UMA ANGUSTIA UMA LOUCURA.

NÃO SE SENTE O QUE SE VÊ,, PENSAR OU DIZER,
NEM O QUE A ALMA QUER PRA SE ACALMAR,
SÓ SEI QUE DÓI DENTRO DE UM LUGAR NO PEITO,
SOLIDÃO DE TUDO QUE SE QUER GANHAR!

SOLIDÃO DE ALGUÉM QUE JÁ PARTIU DISTANTE,
SOLIDÃO DE LÁGRIMAS QUENTES BORBULHANTES,
SOLIDÃO DE UM CORAÇÃO DE SENTIMENTOS, CHEIO,,
SOLIDÃO, SAUDADES DE UM AMOR ERRANTE!

quarta-feira, 22 de maio de 2013

ÀS AVÓS

ÁS AVÓS (PARA MINHA AVÓ GRACINDA COM TODO O MEU AMOR, NO DIA DE SEU ANIVERSÁRIO, 9 DE MAIO DE 2013 . SUA NETINHA KAMILLE CALADO)

ÁS AVÓS
Autora: Sandra Mamede


CADA RUGA TUA REPRESENTA UMA HISTÓRIA,E SÃO TANTAS!QUANTAS EXPERIÊNCIAS,QUANTAS HISTÓRIAS PARA CONTARQUANTOS CONSELHOS PARA DAR,QUANTA PACIÊNCIA PARA NOS SUPORTAR,ESQUECEM A SUA VIDA, PARA VIVEREM A NOSSA,SEMPRE CHEIAS DE ATENÇÃO,DE CARINHO, DE AMOR.UMA ADVOGADA NA NOSSA VIDAMEDIADORA NAS NOSSAS DECISÕES;VOCÊ É O MEIO TERMO,O EQUILÍBRIO,A PALAVRA DE ESPERANÇA,O COLO QUE ANINHA,O OMBRO QUE APESAR DE CANSADO APOIAO OLHAR DE COMPLACÊNCIA,O OÁSIS DA SEGURANÇA QUE APLACA A SEDE,E ALIMENTA O CORPO.VOCÊ É TUDO DE BOM E DE BELO,MINHA AVÓ QUERIDA!